Black Mirror - 4° Temporada | Primeiras Impressões




Uma série se sustenta apenas com um episódio bom em sua temporada?


Após a compra pela Netflix depois do término da segunda temporada, os entusiasta de séries ficaram com a pulga atrás da orelha a respeito dessa produção, a forma americana de lidar com seu conteúdo é sempre mais diluída,pasteurizada pra agradar um número maior de pessoas, é a fórmula de Hollywood, isso não está em discussão, como também não é demérito nenhum, já que essa formula é que tornou o cinema o que ele é hoje.

No entanto estamos falando sobre Black Mirror, uma série que subverte todas as suas expectativas e trata a realidade da forma mais crua possível, tratando o ser humano como realmente ele é em toda sua crueldade e hipocrisia, usando a tecnologia como meio para falar sobre esses problemas da humanidade, como podemos ver já em seu impactante piloto “National Anthem”, mostrando uma coragem poucas vezes vista antes em um conteúdo de entretenimento de massa como uma série de TV, a série já deixa muito claro sobre como ela vai tratar suas tramas e seus personagens em seus episódios antológicos.

Então chegamos na terceira temporada, como manter essa a série tão visceral e mesmo assim atingir um maior público? Seria possível? Pelo visto a resposta é não. Agora teremos mais episódios e a série precisa sair todo ano, não mais quando os roteiros estivessem prontos e satisfatórios. Devemos comemorar, não é? Uma temporada por ano!

Talvez isso não seja tão bom assim.


A quarta temporada de Black Mirror começa com uma paródia, sim, uma paródia a uma conhecidíssima e consagradíssima série de TV do mundo nerd, e até ai tudo bem, os problemas começam quando a série passa a ignorar certos conceitos básicos científicos, coisa que ela nunca fez já que sempre seus roteiros e tecnologias fictícias utilizavam base científica plausível num futuro próximo, para dar o pontapé inicial da trama do episódio.

Memórias, personalidade e todos os traços de alguém extraídas do DNA para uma cópia digital?

Em seu segundo e terceiro episódio já vemos que a temporada não consegue se reerguer, com um episódio dirigido por Jodie Foster (um desperdício de talento) e outro com uma protagonista extremamente boa na sua atuação, mas temos mais do mesmo com uma trama previsível sobre mãe filha e uma tecnologia de controle e uma crítica a superproteção parental e uma personagem que vai de uma pessoa comum para uma psicótica sem motivos plausíveis e com um desfecho também muito falho em sua condução. Nos dois casos a trama clichê e outra muito conveniente com falhas em seus roteiro sobrepõe-se a uma direção impecável e uma atuação primorosa da protagonista de seu episódio.


O quinto episódio é outro polêmico ponto da temporada, amado por alguns e odiado por muitos, o menor da série já feito, em preto e branco e com um dos enredos mais simples e lineares de toda a série, primorosamente bem ambientado em seu tom obscuro de thrillers dos anos 40 em P&B, mesclando com aspectos futuristas de perseguição a la O Exterminador do Futuro, mas falhando em dar substância a narrativa que começa, termina e você procura significado e dificilmente vai encontrar.


O terceiro e o último episódio (mudei propositalmente a ordem dos episódios) tem semelhanças em suas narrativas, com tecnologias sendo a base do episódio e com uma trama mais semelhante ao que já vimos no passado. Hang The Dj tem em sua trama um questionamento interessante a respeito da validade e da efemeridade dos relacionamentos modernos baseados em matchs em aplicativos de celulares, culminando num final aparentemente feliz, algo muito elogiado na temporada anterior no ganhador de Emmys San Junipero.

A essência de Black Mirror não está em finais tristes, mas em histórias impactantes atreladas às evoluções tecnológicas. Hang the DJ e Black Museum talvez sejam os que mais se aproximam disso nessa temporada.


Finalizando a temporada temos uma espécie de remake do episódio Natal, um dos mais aclamados de toda a série até hoje. Histórias diferentes e tecnologias diferentes são apresentadas para servirem de substância para uma trama que se desenrola sem percebemos. Para os fã de toda a franquia o sexto episódio é recheado de easter eggs e referências aos episódios anteriores e grande parte do seu mérito advém disso, mas não é estranho - e até triste - que a série pra conseguir manter seu nível de outrora precise justamente se autorreferenciar?

Black Mirror já vinha tropeçando em sua terceira temporada e em sua quarta temporada isso só aumentou, é triste admitir que não sabemos o que esperar do futuro da série, claramente a obrigatoriedade de entrega de episódios está afetando seu desenvolvimento e isso precisa ser revista logo, nem toda polêmica/controvérsia é positiva, às vezes a audiência está alertando para o problema.

A palavra que definiria esse momento é: Preocupação.

A sinceridade é impiedosa.
- Black Mirror


15 comentários:

  1. Olá!
    Não sou muito fã de assistir seriado e essa série não me chamou a atenção!!

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  2. Nunca assisti a série, meu irmão assiste e gosta muito, o problema é que assisto tanta série que tô com preguiça de começar essa, ainda mais quando já está em uma quarta temporada que não está agradando a todos, fico meio receiosa de começar a ver.

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    1. A vantagem dessa série é porque os episódios não se relacionam, ela tem momentos memoráveis em sua jornada que valem ser conferidos, sao como mini-filmes. Um dia veja o episódio White Christmas, White Bear e National Anthem. ;)

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  3. Bem Jonny!
    Gosto das análises feitas embasadas em fatos, como fez a sua.
    Embora não possa falar nada, se está ou não certo, porque simplesmente não assisti nenhum um episódio de nenhuma temporada dessa série, mas valeu a avaliação.
    Desejo uma semana produtiva e abençoada!
    “Bem aventurados os que mudam suas atitudes sem esperar um ano novo.” (Desconhecido)
    cheirinhos
    Rudy
    1º TOP COMENTARISTA do ano 3 livros + Kit de papelaria, 3 ganhadores, participem!

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  4. Foi um susto quando vi esse primeiro porque remeteu a tanto clichê e coisa antiga....mas gostei. Achei um episódio bem interessante.
    Gostei daquele dirigido pela Jodie também. Posso não entender nada de atuação e coisa e tal, mas achei interessante e deu pra refletir sobre umas coisas.
    O episódio em preto e branco foi bem estranho por não dar muito contexto, mas achei bom por tudo que deixa a gente imaginar. O que aconteceu, o que eles estavam fazendo naquele galpão, a existência daqueles cachorros e como surgiu... As perguntas que deixou e as coisas que fazem a gente imaginar me ganharam.
    Hang the dj eu amei. Foi o mais cara de Black Mirror pra mim nessa temporada.
    E o ultimo foi muito bom por mostrar tanta coisa de episódio da série. Adorei a ideia e ficar ali procurando lembrar dos detalhes pra ver os easter eggs foi o que mais gostei xD
    Mas é, depois de ver tudo e comparando com as outras temporadas essa teve mesmo muito menos coisa que as antigas. As outras tinham aquela crítica, aquela coisa fantasiosa que dava medo por não ser tanta fantasia assim e essas coisas. Essa não inovou tanto e maioria do que a gente viu foi como mais do que já foi mostrado. Sei lá o que esperar de outras temporadas da série, mas vou assistir porque né, já viciei.

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    1. A gente sempre terá esperança em black mirro daqui pra frente, depois do que já foi entregue sabemos a capacidade dos produtores, então, resta aguarda por mais episódio mindblowing :D

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  5. Oi Jonny!
    Estou no momento na metade da terceira temporada, e apesar do susto inicial (quem assistiu sabe os motivos, rs) e de demorar um pouco a cair a ficha do que de fato se tratava a série, eu estou gostando bastante. É fato de que por conta do sucesso, talvez eles estejam acelerando as coisas, e isso visivelmente não é bom para série, é uma pena que a quarta temporada se perdeu tanto de sua essência. Como estou acompanhando, irei sim assistir, espero que percebam o erro e retomem com a qualidade.
    Beijos

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  6. Olá! Não acompanho essa série, acho que o tema que ela aborda é super interessante, utilizar a tecnologia como meio para falar sobre os problemas da humanidade, e o fato de cada episódio ser praticamente um filme, também é bacana, mas acredito que hoje, com tantas outras opções de série, não começaria a acompanhar essa.

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  7. Olá!
    Eu gosto muito de série, cada uma me agrada de um maneira diferente. Esse tem uma premissa boa, o roteiro parece bem diferente e interessante. Nunca assistir mas irei procurar para ver.

    Meu blog:
    Tempos Literários

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  8. Eu parei em Black mirror na segunda temporada. Tinha episódios bons e tinha episódios muito ruins e tinha uns que me fazia perder o fôlego mas não por ser bom e sim por ser tedioso demais por exemplo aquele episódio que eles ficam presos em bicicletas aquilo ali me deixou com falta de ar simplesmente porque em momento nenhum eu vi uma janela aberta no lugar que e totalmente fechado eu terminei aquele Episódio respirando fundo me deu um desconforto enorme mas teve episódios maravilhosos tipo o primeiro da terceira temporada

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  9. Pelo fato de ainda não ter assistido a nenhum episódio ou temporada, acho bem confuso entender Black Mirror. Muitas pessoas falam de desconforto com as situações apresentadas. Mesmo sem entender rio de memes com comentários "isso é muito Black Mirror".

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  10. Tenho que concordar com sua crítica, a série vem mesmo tropeçando, não achei a temporada ruim mas para os padrões Black Mirror é uma queda.

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  11. Ainda não assisti essa série, confesso que coloquei ela para assistir mas estou sempre adiando, não sei é uma série que não me cativou muito mas quero dar uma chance. Séries que começam a fazer sucesso e depois começam a lançar várias temporadas sempre acabam pecando em algo e essa provavelmente é a temporada de sodoma e gomorra (pecado puro).

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  12. Oi, Jonny!
    Adoro assistir uma boa série pela netflix mas Black Mirror não me conquistou. E acabei desistindo de ver logo no primeiro episódio.
    Bjoss

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  13. Não tenho muito interesse em assistir Black Mirror, pelos seus comentários referentes a esta série, acredito que eu não curtiria muito Black Mirror. Uma pena a série não estar tão boa quanto era.

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Priscila, linguista de formação, doutoranda em Narratologia. Começou a ler um livro do Sidney Sheldon aos oito anos e nunca mais parou. Hoje, fez das Letras sua profissão.

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