Cine Holliúdy 2: A Chibata Sideral (2019) | Crítica



Se tem uma coisa que nordestino sabe é o quanto somos mal caracterizados na maioria dos filmes, séries e novelas, com sotaques, costumes e culturas representados como uma só coisa. Ainda bem que temos gente suficiente para mostrar as peculiaridades de cada povo no cinema. E assim, nós apresentamos CINE HOLLIÚDY 2: A CHIBATA SIDERAL, um filme do Ceará para todo o mundo. 

Recapitulando, Cine Holliúdy 2 é uma continuação. No primeiro vemos Francisgleydisson/Francis (Edmilson Filho), sua esposa Maria das Graças (Miriam Freeland) e seu filho Francisgleydisson Filho/Francin (Joel Gomes) na tentativa de abrir um cinema em plena a cidade de Pacatuba no Ceará, durante a década de 70 anos. Isso em meio a popularização da televisão e o cinema começando a perder espaço no mercado.

O segundo filme se passa alguns anos depois do primeiro. Agora, Francis não consegue resistir a popularização a televisão e acaba fechando o Cine Holliúdy e vai morar com a sogra, interpretada pela saudosa Gorete Milagres (Filó). O problema é que o homem precisa quitar suas dívidas e conseguir um meio de viver e pagar a faculdade de seu filho (Ariclenes Barroso) que agora está com 18 anos.


 Após um amigo seu ser abduzido e passar por um contato com seres extraterrestres, Francis resolve dirigir, produzir, roteirizar e gravar um filme de ficção científica, pensando em um raça alienígena que deseja abduzir pessoas mais feias possíveis para poderem procriar. Assim, ele e seu filho passaram por sufoco para conseguir levar o filme para a população de Pacatuba.

Para isso, ele tem a missão de conseguir o maior número de pessoas feias possível para simular como seria uma briga entre Lampião e os alienígenas em Marte. 


Já sabemos o enredo, vamos as considerações gerais sobre o filme. Começando pelo que o filme se destaca é a evolução do primeiro para o segundo. Como houve uma recepção até boa o primeiro, apesar de não ter ido tão bem nas bilheterias, afinal, não foi lançado em tantas salas e nem em todos os cinemas, foi feito um investimento muito maior nesse.

Há muito mais atores globais, entrando para trama Samantha Schmutz, Milhem Cortaz, Sergio Malheiros e Sophia Abraão. Apesar de que alguns apenas aparecem para fazer uma ponta e o tempo de tela se resume a 5 minutos no máximo. Por outro lado, o personagem de Sergio Malheiros protagoniza uma das melhores cenas de todo o filme.

Samantha Schmutz, como sempre, interpreta uma personagem excessivamente caricata de uma primeira dama que irá se candidatar a prefeita de Pacatuba. Já Milhem Cortaz tem uma importância grande para a trama. Enquanto Sophia Abraão aparece por no máximo 1 minuto.


Outra coisa que melhorou bastante, foram os cenários, efeitos especiais e roteiro. Foi explorado muitos outros lugares de Pacatuba, que para quem não sabe, é uma cidade real do Ceará (inclusive, se vier ao Ceará, sugiro conhecer o Parque das Andreias em Pacatuba), dando mais liberdade para desenvolver a história.

Entretanto, nem tudo é ouro em Cine Holliúdy 2. Dois erros do primeiro filme persistiram no dois. O primeiro é com relação ao roteiro. Apesar de o tom humorístico ser excelente para mim, ele é excelente para mim, pois sou cearense e entendo a maioria dos contextos expostos. Sem contar que há momentos no desenvolver da história que você realmente não entende o que está acontecendo, sem contar que as resoluções são fáceis demais e inexplicadas.


O segundo problema é com relação a legenda. Compreendo a necessidade de um filme que utiliza quase em sua totalidade o dialeto cearensês, fica complicado para pessoas de outros estados compreender. Quase todo cearense já teve que explicar alguma expressão nossa que ninguém entende, algumas inclusive, dependo do contexto, como “botar boneco”, que tem milhares de explicação. Entretanto, o problema não está em colocar a legenda, mas no fato de a própria legenda ser confusa.

Levando em consideração as teorias de tradução e legendagem, compreendo que há um limite de caracteres por frame e por tempo de imagem, mas ficou estranho ver que algumas expressões simplesmente não foram traduzidas e que nem todos conseguiriam entender, mesmo com o contexto de fala, mas que o cearense conseguiria. Por outro lado, expressões que não havia necessidade nenhuma de tradução foram colocadas de forma ridícula. Inclusive, algumas palavras foram substituídas por reticencias, por serem fortes demais para aparecer.

Outra coisa que deixou muito a desejar, mais uma vez, foram as atuações. Tá na hora das produções perceberem que não é porque o ser é humorista que ele é ator. Samantha Schmutz, José Nett (Zé Modesto) e até o Falcão parecem estar em mais um dos seus mesmo papeis de sempre, caricatos e ridículos. Se a proposta for essa, a de parecer algo totalmente fora do real, eles conseguiram o que queriam.

Mas, temos que gratificar o que deve ser gratificado. Se tem uma coisa que nordestino consegue é militar. Quero lembrar que o meu país Ceará foi o único em que Bozo ficou em 3º lugar, além de ser um dos estados com os melhores índices de educação. Por isso, ele filme milita em todos os aspectos. Como as gravações foram feitos já há um tempo, há críticas tanto ao governo Temer como ao atual governo. (me nego a dizer o nome dele)

Há frases como “Temer jamais”, sem contar as críticas ao uso da igreja para enriquecimento próprio, além do uso da palavra de Deus em vão, a ligação das igrejas com a manipulação da população para meios políticos e a compra de políticos para conseguir favores.


Ei seus nó cego, vamo dar uma carrera pro cinema pra ver uma ruma de malacabado, tudo tronxo, botando boneco e fazendo mungango. É uma presepada atrás da outra. Não fique borocoxô e vá, a partir de hoje, 21 de março, mangar desse povo réi féi.

6 comentários:

  1. Meu, olha as ideias! Achei bem doida essa sinopse do filme com et, gente feia e filme no meio xD
    Já chama atenção por isso e no minimo parece interessante de ver. Só fiquei curiosa com isso da legenda para as expressões. Ué, como um negócio pra esclarecer fica confuso? E em filme assim de comedia ou nessa vibe, uma coisa que me pesa um pouco na hora de ver é atuação. Tem muita gente que me arranca risos, mas outras que odeio como a coisa fica forçada ou caricata demais. Aí é complicado dar mesmo aquela vontade de assistir.

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  2. KEVYN!
    Não sabia que era nordestino e cearense. Bacana! Sou nordestina também, mas moro em João Pessoa/PB, embora seja pernambucana, já visitei muito seu estado e gosto demais.
    Quanto ao filme, para mim, basta me fazer rir, já tá valendo e com esse elenco formidável, aí que vale a pena mesmo.
    Gostei de ver suas ressalvas, o leitor tem de saber o que vai encontrar.
    cheirinhos
    rudy

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  3. Estou passada que está foi lançado o 2 e eu nem sabia da existência do primeiro. Haha...
    Eu gosto dessas comédias brasileiras, e vejo que essa tem críticas interessantes.
    Achei um pouco desnecessário incluir vários atores que não permanecem no decorrer do filme.
    No geral, assistiria numa boa, apesar de ficar confusa com o dialeto.


    Beijos

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  4. Oi, Kevyn
    Não conhecia o primeiro filme, aliás é a primeira vez que vejo falar de ambos.
    Gostaria de assistir, mas não sei se entenderia o dialeto ainda mais se a legenda for confusa. Para entender preciso estar acompanhada de uma pessoa que conheça o dialeto.
    Beijos

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  5. Oi, Kevyn!!
    Para falar a verdade não sabia que esse filme é uma continuação, mas por acaso assisti o trailer filme e até gostei da história mas infelizmente concordo com você em vários pontos com relação a essa produção, então não sei se vou querer assistir.
    Bjos

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  6. Olá! Apesar das suas ressalvas, o filme parece ser uma boa opção para o final de semana, uma história que apesar de focar na comédia, arranja espaço para críticas ao governo e a nossa maneira de fazer política.

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Priscila, linguista de formação, doutoranda em Narratologia. Começou a ler um livro do Sidney Sheldon aos oito anos e nunca mais parou. Hoje, fez das Letras sua profissão.

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