Mulheres Que Correm Com os Lobos - Clarissa Pinkola Estés

Editora: Rocco
Páginas: 576
Classificação: 
Onde Comprar: https://amzn.to/2FVs8iJ
Sinopse: Os lobos foram pintados com um pincel negro nos contos de fada e até hoje assustam meninas indefesas. Mas nem sempre eles foram vistos como criaturas terríveis e violentas. A analista junguiana Clarissa Pinkola Estés acredita que na nossa sociedade as mulheres vêm sendo tratadas de uma forma semelhante. Ao investigar o esmagamento da natureza instintiva feminina, Clarissa descobriu a chave da sensação de impotência da mulher moderna. Abordando 19 mitos, Estés mostra como a natureza instintiva da mulher foi sendo domesticada ao longo dos tempos, num processo que punia todas aquelas que se rebelavam. Mas sua energia vital, segundo ela, pode ser restaurada por escavações "psíquico-arqueológicas" nas ruínas do mundo subterrâneo. Até o ponto em que, emergindo das grossas camadas de condicionamento cultural, apareça a corajosa loba que vive em cada mulher. Clássicos dos estudos sobre o sagrado feminino e o feminismo, livro é o primeiro de uma série de longsellers da Rocco a ganhar edição com novo projeto gráfico e capa dura.


Mulheres Que Correm Com os Lobos é uma das muitas leituras que estou fazendo para concluir meu projeto de dissertação. O que eu não imaginava era que o livro de Clarissa Pinkola Estés fosse mexer tanto com o modo como eu me vejo.


Em Mulheres Que Correm Com os Lobos, Clarissa Pinkola Estés apresenta o arquétipo da Mulher Selvagem, que nada mais é que a natureza instintiva da mulher que foi suprimida e aprisionada por anos e anos de opressão. Em cada capítulo a autora nos mostra através de contos narrados por nossas ancestrais ao redor do mundo como as mulheres podem e devem escapar das garras do patriarcalismo.

"Minha própria geração, posterior à Segunda Guerra Mundial, cresceu numa época em que as mulheres eram infantilizadas e tratadas como propriedade. Elas eram mantidas como jardins sem cultivo...mas felizmente sempre chegava alguma semente trazida pelo vento. Embora o que escrevessem fosse desautorizado, elas insistiam assim mesmo. Embora o que pintassem não recebesse reconhecimento, nutria a alma do mesmo jeito. As mulheres tinham de implorar pelos instrumentos e pelo espaço necessário às suas artes; e, se nenhum se apresentasse, elas abriam espaço em árvores, cavernas, bosques e armários." (p.17)

A narrativa é dividida em quinze capítulos, onde Estés nos apresenta a vários aspectos da Mulher Selvagem e sua natureza instintiva, com metáforas e contos a autora nos reconecta com nossas ancestrais que  trazem toda a sua sabedoria através dos contos, que podem até ter sido reescritos por homens ao longo dos séculos, mas ainda guardam os traços de sabedoria e exortação da Mulher Selvagem. Quero exaltar aqui a edição belíssima que recebi da editora Rocco, capa dura com título em dourado e um trabalho de diagramação esplendoroso.

"A Mulher Selvagem ensina às mulheres quando não se deve ser "boazinha"no que diz respeito à proteção da expressão da nossa alma."(p.90)

Pessoalmente esse livro foi como um tapa na cara, sinceramente eu me interessei por ele apenas com base em outros estudos sobre mulheres e estava esperando apenas mais uma leitura para compor o quebra - cabeças teórico que estou construindo, mas de repente me vi tão envolvida a cada página que  não pude mais negar: Mulheres Que Correm Com os Lobos não só mudou minha escrita, mudou meu olhar sobre meu objeto de pesquisa e principalmente me mudou como mulher.

"(...) mulheres criadas em famílias que não demonstram aceitar seus talentos costumam tomar nas mãos empreendimentos extraordinariamente grandes, repetidas vezes, sem saber por que motivo agem assim" (p.105)

Durante a leitura me vi questionando cada vez mais minhas próprias escolhas, minha maneira de tratar a mim mesma e até desconstruir alguns aspectos de minha personalidade que eu pensava serem instintivos, mas que na verdade eram produtos pressões e opressões ao meus instinto natural da Mulher Selvagem. É muito difícil olhar para si mesma e de repente questionar algumas cobranças e atitudes que você toma em relação a si mesma.

"Não se encolha nem recue se for chamada de ovelha negra, de indisciplinada, de loba solitária. Quem tem a visão lenta diz que o rebelde é uma praga para a sociedade. No entanto, ficou provado com o passar dos séculos que ser diferente significa estar no limite, significa ser praticamente garantido que essa pessoa vá fazer uma contribuição original, uma contribuição útil e espantosa à sua cultura."(p.228)

Esse é um livro que muda vidas, visões e principalmente atitudes. Hoje, precisamos não só nos unir enquanto mulheres, precisamos entrar em contato com nossa força, nos libertar das amarras que nos prendem e entrar em contato com nossa Mulher Selvagem. Todos os dias estamos sendo mortas e violentadas por uma sociedade que nos arrancou dos bosques de nossas almas onde corremos soltas e livres, precisamos nos reconectar a ele, precisamos  correr livres com nossa matilha.

"Se você alguma vez foi chamada de desafiadora, incorrigível, saliente, esperta, insubmissa, indisciplinada, rebelde, você está no caminho certo. A Mulher Selvagem está por perto." (p.228)
Eu já fui chamada de tudo isso e você?



11 comentários:

  1. Bem legal o quanto o livro conseguiu te afetar, adoro quando esse tipo de coisa acontece apos uma leitura. Mudar um pensamento, um jeito de ver as coisas, fazer pensar mesmo. O tema da mulher e os instintos, o lado selvagem, as histórias antigas e essas coisas parece ter deixado um clima gostoso na leitura. Muito pra se explorar. Tinha achado ele interessante e parece ser bom mesmo. Acho que iria adorar ler ^^

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  2. Oi, Priscila
    Desde a primeira resenha que li sobre o livro já coloquei na lista de desejos.
    Parece uma leitura maravilhosa onde podemos ter um verdadeiro encontro conosco bem íntimo e mudar nossa maneira de ver a si e os outros.
    Já fui chamada assim também, por várias pessoas principalmente da família.
    Quero muito poder ler, beijos!

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  3. Estou desejando esse livro já!
    Leitura necessária.

    Beijos

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  4. Gosto quando um livro usa este poder que ele já tem apenas por ser um livro e nos muda quase que por inteiros!
    Desde que li a primeira resenha desta obra, estou maluquinha para o conferir. Não somente por abordar a mulher, por trazer esta transformação tão necessária a maioria de nós, que ainda não nos enxergamos como de fato somos.
    Está na listinha de desejados, espero ter e ler o quanto antes!
    Beijo

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  5. Olá! Achei a capa deste livro bem bonita, o enredo me pareceu bem complexo, daqueles que nos permite refletir sobre ser mulher, perceber que até mesmo quando achamos que estamos indo na direção certa na busca de igualdade e independência, podemos não estar tão certas assim, que ainda há muito que precisamos mudar, analisar e refletir, principalmente sobre nós mesmas.

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  6. Priscila!
    Pelo visto sou uma mulher mais que selvagem, porque até hoje me chamam dessas coisas, principalmente de rebelde...kkkkkkkk
    Deve ser um livro transformador de várias formas e n´so mulheres temos de l^-lo, temos de expor nossa opinião e mostrar que somos fortes e arrasadoras mesmo.
    Os lobos que se cuidem...kkkkk
    cheirinhos
    Rudy

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  7. Oi, Priscila!
    Observando os fatos e acontecimentos da história da humanidade tenho a impressão de que a sociedade deseja "domesticar" a mulher, sabe?! Moldar conforme o seu proveito... Quando me deparo com uma "Mulher Selvagem" vibro de alegria, devemos nos espelhar nesses exemplos dessas mulheres que não deixaram que oprimissem seus instintos...
    Eu ameiiii sua resenha e com certeza pretendo ler Mulheres Que Correm Com os Lobos. Obrigada por essa dica! Bjos!

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  8. Oiee!
    Que livro incrível né?!
    É tão bom quando um livro além de nos surpreender nos faz pensar, questionar e entender como e porquê somos o que somos. As vezes a gente pensa que tá agindo do modo que queríamos, mas na realidade só estamos seguindo o fluxo do que nos foi ensinado anos atrás, e a gente repete sem nem de dar conta, na nossa cabeça estamos sendo independentes, feministas e donas de nós , mas por vezes estamos só sendo o que nos ensinaram a ser.
    Quero muito ler esse livro, não só pra conferir os ensinamentos mas também pra abrir minha mente e minha visão sobre o nosso universo feminino.
    Bjokas!

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  9. Gostei da temática desse livro, apesar de não entrar na lista de meus preferidos, mas tem algumas coisas que curto na leitura.

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  10. Oi, Priscila!!
    Já li um pouco sobre esse livro e estou com essa história na minha lista de livros para comprar!! E já fui chamada de rebelde várias vezes!!
    Bjos

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  11. Oi Priscila,
    Esse tipo de livro é bem o preciso ler com mais frequência para auto conhecimento e, principalmente, auto descobrimento. Sabemos muito bem como nossa sociedade funciona, onde nós mulheres somos sempre as fracas, as prisioneiras e as oprimidas. Isso tudo nos é passado até de forma inconsciente e vai nos moldando dia após dia. Por isso é tão chocante uma narrativa como a de Mulheres com correm com lobos, pois é aí que nos deparamos com muitas verdades. Não conhecia essa obra, mas fico feliz em ser apresentada a ela.

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Priscila, linguista de formação, doutoranda em Narratologia. Começou a ler um livro do Sidney Sheldon aos oito anos e nunca mais parou. Hoje, fez das Letras sua profissão.

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