Mostrando postagens com marcador Bohemian Rhapsody. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Bohemian Rhapsody. Mostrar todas as postagens

Bohemian Rhapsody (2018) | Crítica

Somos todos lendas

Quando foi anunciado, ainda em 2017, que seria produzido um longa contando a vida de Freddie Mercury, foi uma surpresa e uma dúvida sobre o que viria. Surpresa pois o nome de Freddie não aparecia tanto nos holofotes desde que Adam Lambert assumiu o lugar Mercury em alguns shows pelo mundo, incluindo o Rock in Rio 2013. A dúvida veio sobre se seria mostrado o que realmente o icônico cantor passou e fez durante sua vida ou se seria apenas mais uma tentativa de humanizar e deixar a vida dele como um mar de rosas.

Recentemente, Brian May, guitarrista do Queen, disse durante a premier do filme em Londres que Bohemian Rhapsody não é um filme sobre o Queen, mas sim sobre a vida de Freddie Mercury. Tenho que discordar.

O filme começa contando a história de Freddie (Rami Malek) ainda como Farrokh Bulsara trabalhando como descarregador no Aeroporto Hearthrow, por isso discordo. Não é falado sobre a infância e a juventude de Mercury durante seus anos de vida em Zanzibar, nós já somos ambientados com o cantor conhecendo Roger Taylor (Ben Hardy) e Brian May (Gwilym Lee) e sua rápida ascensão no mercado musical.


Basicamente, o filme não conta a vida do cantor ou da trajetória do Queen, mas na verdade é a história por trás da criação das músicas mais famosas da banda. É aí que o filme mais falha, e muito. É vendida a ideia de uma cinebiografia de Freddie Mercury e recebe uma versão romantizada e leve do que cada canção tem a ver com história de cada um dos membros.

Freddie realmente aparece o cara egocêntrico e cheio de trejeitos, mas várias partes são questionadas por quem realmente conheceu a vida de Mercury. Um dos fatos que mais chega a incomodar é a questão de mostrar que ele teria uma vida perfeita ao lado de Mary Austin (Lucy Boynton), mesmo tendo assumido sua bissexualidade (fato também questionável) e a amada sabendo que ele era gay. O filme retrata bem como Freddie, enquanto em turnê pelos Estados Unidos, traia Mary mesmo os dois já estando noivos.


O fato mais bizarro, e que alguns críticos estão afirmando que é uma questão de homofobia, é o filme mostrar que Freddie só “desenvolveu” sua homossexualidade depois de se separar de Mary e deixar o Queen para se dedicar a sua carreira solo, deixando a entender que Freddie só foi um pervertido depois de se afastar de seus amigos e começar a ser seguido fielmente por Paul Prenter.

A leveza não fica somente na história de Freddie, mas também em todos os outros membros da banda, Roger Taylor, por exemplo, é apresentado como um bom marido e um bom pai, entretanto, mal é citado que o mesmo vivia tendo casos com outras mulheres fora do casamento.

Além do mais, os momentos da vida são rasos e tratados de modo muito rápido, anos se passam em um pistar de olhos, histórias são aglomeradas para apenas um momento e fica tudo sem reflexão, com um monte de painéis luminosos de cidades onde o Queen passou.

Entretanto, os atores salvam em muitos aspectos do filme.

Inicialmente, o papel principal seria dado a Sasha Baron Cohen (Borat, 2006), entretanto acabou indo para Rami Malek (Sasha desistiu do papel após perceber o caminho que o filme estava tomando). Rami teve o grande desafio de atuar usando uma dentadura (foi uma grande dúvida se funcionaria ou não, mas funcionou). A atuação ficou boa, o único problema é que ele ficou parecendo uma caricatura do Freddie Mercury, com trejeito extremamente exagerados, mas em certos momentos, você pode confundir se é realmente o ator ou o cantor. Como já disse aqui no blog, ele é um ator injustiçado, já que entrega uma excelente trabalho, mas não é reconhecido por isso. #VlwMalek


O filme não deixa o falar sobre a passagem do Queen pelo Rock in Rio, o maior público que a banda teve até o show Live Aid (com mais de 1 bilhão de pessoas assistindo ao mesmo tempo, sim, escrevi certo), que hoje é considerado o maior show da história. Além do mais, é notória a referência a entrevista de Gloria Maria durante a passagem pelo Rio em uma coletiva de impressa, algumas perguntas lembram as feitas por Gloria.

Para finalizar, o filme parece um grande fan-service para o Queen. Apenas um modo de colocar a banca em foco novamente. Inclusive, algumas músicas foram regravadas para compor a trilha sonora do filme (mesmo que nenhuma dessas sejam reproduzidas), como Shawn Mendes que regravou Under Pressure e Panic! At The Disco, que já havia regravado Bohemian Rhapsody para a trilha sonora de Esquadrão Suicida e subiu ao palco do AMA desse ano apresentando a canção como forma de publicidade do filme (acho que a versão do Panic! só perde para a original, com a voz inconfundível do Brendon Urie)


Sintetizando, Bohemian Rhapsody o filme é igual a música Bohemian Rhapsody, uma confusão de coisas, mudanças bruscas de ambientação e provavelmente, só os roteiristas e diretores irão entender tudo o que foi tentado passar. Mas como entretenimento, o filme é um excelente escolha, principalmente se você foi/é fã do Queen e/ou do Freddie Mercury ou quer conhecer mais sobre as músicas e as histórias por trás delas, vale muito a pena conferir.

Bohemian Rhapsody estreia quinta-feira, 01 de novembro em todos os cinemas do país. Pode ser uma opção divertida para o seu fim de semana.

INDICAÇÃO DE FILME

INDICAÇÃO DE FILME
Priscila, linguista de formação, doutoranda em Narratologia. Começou a ler um livro do Sidney Sheldon aos oito anos e nunca mais parou. Hoje, fez das Letras sua profissão.

Colaboradores

Caixa de Busca

Facebook

Instagram

Destaque

CRÍTICA| A Cor Púrpura (2024)

  A Cor Púrpura , musical que acaba de estrear no Brasil,  é uma adaptação  de uma  adaptação  de uma adaptação .  Estranho, mas é isso mesm...


Arquivos

Posts Populares

Receba as novidades!

Tecnologia do Blogger.

Parceiros