Vox - Christina Dalcher

Editora: Arqueiro
Páginas: 320
Classificação: 
Sinopse: O governo decreta que as mulheres só podem falar 100 palavras por dia. A Dra. Jean McClellan está em negação. Ela não acredita que isso esteja acontecendo de verdade.
Esse é só o começo...
Em pouco tempo, as mulheres também são impedidas de trabalhar e os professores não ensinam mais as meninas a ler e escrever. Antes, cada pessoa falava em média 16 mil palavras por dia, mas agora as mulheres só têm 100 palavras para se fazer ouvir.
...mas não é o fim.
Lutando por si mesma, sua filha e todas as mulheres silenciadas, Jean vai reivindicar sua voz.

Primeiro de tudo, quero iniciar dizendo que nada que eu escreva aqui vai conseguir expressar o sentimento de completo pavor e de tristeza que tive no decorrer da leitura desse livro. Até então nunca tinha lido nada da autora e tentei das formas que pude me distanciar dos comentários e da problemática por motivos de: pós eleição, mas que grata surpresa! Ainda que pareça um pouco contraditório, a história é maravilhosa na mesma proporção em que é aterrorizante e triste.

Partindo desse ponto, Vox conta a história de Jean, uma Doutora, esposa, mãe que vê todos os seus direitos serem extintos por um simples motivo: ser mulher. Quando falo extinção de direitos, me refiro do mais simples e óbvio ao mais complexo, do trabalhar até aquilo que é mais básico no ser humano: falar. Agora as mulheres e crianças (CRIANÇAS!!!!!!!) tem direito a verbalizar 100 palavras diárias e possuem um contador - Jane não permite que chame de pulseira - que identifica e faz a contagem regressiva a medida que vibra para "avisar" a usuária que esse número está diminuindo. Se, pelo motivo que seja, alguém passa das 100 palavras, as mulheres vão levando choques com intensidade que vai aumentando gradativamente.

O livro se passa em um período em que os Estados Unidos foi tomado pela extrema-direita e com ela o fundamentalismo cristão. Milhares de mulheres foram retiradas dos seus trabalhos, incluindo Jane, que na época era uma neurolinguista referência em sua área e reduzidas, literalmente, a mulher do lar. Mas tudo isso não acontece do dia para a noite. No desenrolar da leitura nos é mostrado algumas recordações de uma Jane mais nova, cursando a faculdade e que tinha uma amiga, Jackie, feminista, ativista e lésbica, que constantemente a alertava sobre as pequenas mudanças que estavam ocorrendo na esfera política e que ninguém estava percebendo e uma Jane mais velha, agora profundamente arrependida por não tê-la ouvido e por seu completo desinteresse a respeito dessas problemáticas.

É mostrado a realidade brutal de um novo mundo completamente dominado por homens e que em  caso de resistência ou ato não condizente com aquilo que a mulher tem que ser - bela, gentil, doce, submissa, do lar - são imediatamente retiradas da sociedade, presas e exiladas em colônias. Isso te lembra alguma coisa? Pois bem.

Só pra deixar um gancho interessante e com um gostinho de quero mais: o irmão do atual presidente dos Estados Unidos sofre um acidente de esqui e uma área do cérebro é afetada de forma que o deixa incapaz de se comunicar. Quem é a pessoa referência e que, inclusive, realizava pesquisas sobre a área que foi afetada? Jane. Ela vai ajudar alguém que ela tanto abomina em nome de benefícios que pode conseguir para si e para a filha de 5 anos? Ela vai conseguir ser uma resistência efetiva como sua amiga Jackie foi? E uma pergunta que eu me fazia muito desde o início do livro: E O FINAL? Como diria uma outra Jane: decisions, decisions.

A vontade que tenho é de vomitar a história inteira aqui, mas quero que vocês desfrutem a sua própria jornada. Que a gente consiga refletir, pegando como base o contexto atual em que estamos vivendo, como algo passou do plano "ah, mas isso não é possível", "jamais poderiam fazer isso com as mulheres na era em que vivemos"para "COMO ISSO É POSSÍVEL?" e "ISSO ESTÁ ACONTECENDO!". 

10 comentários:

  1. Achei muito louco esse lançamento por isso, o clima que a gente tá vivendo. A trama lembra o conto da aia né? Mas de uma forma própria por isso das palavras e limitações até com isso. Deve ser muito frustrante mesmo de acompanhar, mas parece uma trama forte e adoraria ler. As decisões da personagem, só esse negócio de quem ela pode ter que ajudar já me deixa nervosa. Tô vendo muita coisa legal dele e ficando cada vez mais interessada em ler.

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  2. Não sabia do que se tratava o livro até ler sua resenha e achei a história bem interessante. Jane aparenta ser uma mulher forte e que faz de tudo pela filha, e esse acidente que faz o presidente ir atrás de uma mulher para ajudar ser irmão é realmente impactante. Está na lista!

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  3. Olá, Andressa
    Desde que o livro foi lançado me apaixonei pela sinopse, agora lendo sua resenha vejo que preciso ler logo.
    Senhor só poder falar 100 palavras por dia que complicado e ainda levar choque, não poder trabalhar, perder tudo.
    Beijos

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  4. Oi Andressa,
    Eu já vi muita gente falando desse livro e ele está na minha lista. Amei a forma como você contou a histórica, fiquei angustiada só lendo :/ Eu assisti esses dias o filme As sufragistas, chorei muito e fiquei o filme todo angustiada. É um filme extremamente necessário de ser assistido.

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  5. Oi Andressa,
    Ah, eu estou assistindo "O conto da Aia", e poderia fazer várias comparações com muita coisa que citou do livro. (Inclusive se nunca assistiu, assistaaa, rs.)
    É sem dúvidas muito difícil, principalmente como mulher, acompanhar um enredo desses, e pior, imaginar que muitos homens adorariam ver isso acontecer, mas sabe, acho que é uma leitura obrigatória para todos, mostra bem o lado podre do ser humano, e também, que em qualquer civilização, a corrupção existe, e dificilmente será extinta.
    Só uma coisa, em um universo desses eu morreria de choques kkk
    Espero ler em breve.
    Beijos

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  6. Oi Andressa!
    Nossa eu quero mto ler esse livro mas te confesso que estou até com um pé atrás com o enredo, é difícil ler um livro onde trazem temas assim...
    Eu espero conseguir ler me breve.
    Bjs!

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  7. Olá! Esse livro está dando o que falar hein... gostei muito do enredo, e apesar dessa história estar bem longe da nossa realidade (até quando!?), acaba refletindo um pouco o que vem acontecendo na nossa sociedade, onde a mulher ainda é colocada abaixo em relação ao homem e muitas vezes silenciadas de maneira ainda mais brutal.

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  8. Oi, Andressa!!
    Estou bem impactada com a sua resenha e devo dizer que fiquei louca de curiosidade para saber mas sobre essa história. Sem dúvida e um tema difícil e complicado de ser explorado, mas fico imaginando se ficção pode muito virar realidade como nos mulheres poderíamos combater um governo como esse.
    Bjos

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  9. Adorei sua resenha, parabéns!
    Ai já queria ler Vox, agora então!
    Nossa, que livro hein.
    E o pior é ver que o cenário político brasileiro se encaminha pra um grande desastre assim... isso é muito triste e assustador!
    Vou ler Vox, com certeza, mas confesso que estou com medo.
    bjs

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  10. Eu gostei bastante de como autora transformou em distopia ao que é bastante atual na nossa sociedade contemporânea realmente um debate assim se faz necessário e a forma como ela construiu história é simplesmente incrível

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Priscila, linguista de formação, doutoranda em Narratologia. Começou a ler um livro do Sidney Sheldon aos oito anos e nunca mais parou. Hoje, fez das Letras sua profissão.

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