Precisamos Falar Sobre: GO! Viva do Seu Jeito



A Netflix já tem uma grande audiência há uns bons anos, e com a experiência veio os modos de como trazer suas séries e filmes originais para o catálogo de forma a agradar o público. Só que dessa vez a Netflix foi longe demais. Copiando sucessos como Rebelde, Sou Luna, Violetta e Kally’s Mashup, ela lançou mês passado a concorrente GO! Viva do Seu Jeito, a série infanto-juvenil, que nos faz pensar sobre como um gênero tão batido pode ainda funcionar depois de tanto tempo. 

Antes de mais nada, quero deixar claro que nem só de séries de sucesso viverá o homem. Sempre vou tentar trazer séries não muito conhecidas para que elas também possam ter vez aqui, afinal, muitos blogs só se importam com os grandes lançamentos, esquecendo que muitas vezes há obras excelentes que ninguém comenta (Merlí foi o primeiro caso que trouxe para o Precisamos Falar Sobre, e felizmente, hoje já tem um público maior). Mas vamos lá.

Se vamos falar de GO!, precisamos fazer uma volta no tempo e tentar ser o mais didático possível para facilitar o entendimento sobre todo esse universo de série infanto-juvenis. Então, para começar, vamos lembrar da série mexicana de maior sucesso da história no Brasil: Rebelde. Na segunda metade dos anos 2000, a novela mexicana nos apresentava uma história nem tão intrigante, bem previsível e que fazia todo mundo amar, principalmente pelas músicas legais e que todo fã lembra até hoje.


Rebelde trazia como enredo principal um grupo de 6 jovens com personalidades totalmente diferentes que se juntavam para formar uma banda. As únicas coisas que uniam eles eram a música e as paixões que envolviam eles. Além disso, a história se passava em uma escola de ELITE da Cidade do México, onde havia vários BOLSISTAS e que havia a necessidade de interessam entre a elite e esses adolescentes pobres.

Como personagens principais tínhamos Mía, uma jovem rica, loira, bonita, ou seja, o estereótipo de patricinha, que sempre andava com suas DUAS AMIGAS como cães de guarda. Miguel, o bolsista que entrou na escola com o intuito de atacar o pai de Mía, que supostamente influenciou na morte de seu pai. Roberta, a louca, rica, filha de uma cantora muito famosa no México e que não liga para nada. Diego, a versão masculina de Mía. Lupita, também bolsista e que ninguém lembra dela até hoje. E Geovani, o carinha que virou rico recentemente e se acha melhor do que tudo.

O sucesso de Rebelde e RBD durou muito tempo, suficiente para deixar o elenco rico até hoje. Então, um belo dia, a Disney Latino América se sentou em sua poltrona em formato da cabeça do Mickey e disse: “Taí, vamos fazer um novo Rebelde, para crianças, seguindo a mesma fórmula”. E assim surgiu Violetta.


Violetta conta a história de Violetta (sério, Kevyn?!), uma garota BOLSISTA, que vai estudar em uma escola de música da ELITE, sem o pai saber. Com isso, faz duas amigas, que são consideradas “nerds”, Fran e Camila, mais tarde se juntando Federico. Lá ela se apaixona por Leon, entretanto ele namora Ludmila, a estereótipo de patricinha que anda com DUAS AMIGAS como cães de guarda. As duas passam série toda brigando por macho para no final ficarem amigas.

Juntos eles fizeram sucesso pelo mundo todo com inúmeros shows não somente na América Latina como em todo o mundo.

Antes do sucesso de Violetta chegar ao final, a Disney Latino América voltou a se sentar nas cadeirinhas de Mickey e disse: “Estamos ganhando muito dinheiro com Violetta, mas os atores estão velhos demais, vamos fazer uma história igual, só vamos acrescentar algo diferente na história”. E assim surgiu Sou Luna.


Sou Luna conta a históra de Luna, uma garota BOLSISTA, que vai estudar em uma escola normal de ELITE. Lá ela faz alguns amigos que são considerados “nerds”, como Nina, Nick, Pedro, e seu melhor amigo, Simón. Em meio a tudo isso ela se apaixona por Matteo, que é namorado de Ámbar, a estereótipo de patricinha que anda com DUAS AMIGAS como cães de guarda. As duas passam a série toda brigando por macho para no final ficarem amigas (copiei mesmo).

A diferença colocada dessa vez na história é que todos os personagens principais fazem parte de uma equipe de patinação. Juntos eles fizeram pelo mundo todo com inúmeros shows não somente na América Latina como em todo o mundo.

Enquanto isso, a Nickelodeon Latino América, descendo de sua cascata de slime, veio com uma ideia: “Vamos copiar a Disney?!”. E assim surgiu Kally’s Mashup.


Kally’s Mashup conta a história de Kally, uma garota BOLSISTA, que vai estudar em uma escola de música da ELITE. Lá ela faz alguns amigos como Tina (sua vizinha), Lucy e Tomás. Em meio a tudo isso, ela se apaixona por Dante, que felizmente não é namorado da Gloria, a estereótipo de patricinha que anda com DUAS AMIGAS como cães de guarda, mas ele é irmão de sua amiga Tina, que não vê problema nisso. As duas passam série toda brigando pelo posto de melhor solista para no final ficarem amigas.

A Netflix vendo que tudo isso estava dando certo, de seu trono de dinheiro disse: “Que tal copiar todo mundo, incluindo nomes de personagens e ainda roubar alguns atores delas”. E assim surgiu GO! Viva do Seu Jeito.


GO! conta a história de MÍA, uma garota BOLSISTA que vai estudar em uma escola multidisciplinar de ELITE. Lá ela faz alguns amigos como Zoe e SIMÓN. Em meio a tudo isso, ela se apaixona por Álvaro, que não é namorado de Lupe, estereótipo de patricinha que anda com DUAS AMIGAS como cães de guarda, mas é irmã de Álvaro. Só que o namorado de Lupe, Juan, se apaixona também por Mía e a briga começa a partir daí.


A grande diferença de GO! para as outras é uma trama mais pesada e difícil de explicar, mas vamos lá. Lupe e Álvaro são irmãos somente por parte de mãe. A mãe deles e o pai de Lupe são donos e diretores da escola em que eles estudam. O que ninguém esperava era que Mía também fosse filha do pai de Lupe, fazendo as duas serem irmãs. O grande problema é que a série usa isso como se fosse o grande segredo que ninguém sabe, mas desde o primeiro episódio já sabemos quem eles são de verdade.

E quando eu falo em roubar atores é porque realmente, alguns tiveram que deixar suas séries para entrar para o elenco, como é o caso de José Gimenez Zapiola, mais conhecido na Argentina como El Purre, que faz o papel de Álvaro em GO! e fazia Tomy, melhor amigo de Kally, em Kally’s Mashup. E esse não é o único caso.


Infelizmente, GO! ainda não teve seu reconhecimento merecido. Ainda que tenha menos episódios que todas as outras citadas, ela consegue resumir bem o que a Disney e a Nickelodeon fazem em mais 100 episódios, em apenas 14, sendo sucinto e direto, sem muita enrolação e histórias paralelas.

Mas o que faz com que tantas séries consigam ter sucesso mesmo que uma seja claramente cópia da outra? Poderíamos encontrar várias respostas para essa pergunta, mas a principal, pelo menos em minha opinião é: nos colocamos no lugar da outra de forma a desejar ser a outra. Venhamos e convenhamos, um jovem que assiste esse tipo de série dificilmente é alguém extremamente rico ao ponto de serem amigos dos estereótipos de patricinha, então nossa realidade nos trás para mais perto dos protagonistas, que espelham realidades que nós, principalmente pré-adolescentes, querem e se identificam.

Quem não sonha em ter uma oportunidade de estudar em uma escola melhor, mostrar que boa naquilo que faz e ainda de cara conseguir um amor para a vida toda. Pode parecer coisa de fanfic, mas é o que realmente acontece em nossas vidas. Idealizamos o emprego perfeito, o relacionamento perfeito, a família perfeita, ou seja, a vida perfeita, mas chegamos a uma fase que percebemos que nem sempre as coisas são perfeitas, e acabamos nos iludindo.

Apesar de todas essas histórias parecerem cópias, elas tiveram que correr atrás para mostrar um diferencial. Se você observa cada uma das protagonistas, percebe que elas correspondem a um tipo de garota diferente: Mía de Rebelde, a patricinha que se importa com os outros; Roberta, a menina louca e que não liga para o mundo; Lupita, a menina que sofre na vida, mas mostra que é capaz; Violetta, a menina meiga e doce; Luna, a menina forte e decidida; Kally, a menina meiga e decidida; e Mía de GO!, a menina forte, inteligente e companheira. Com isso, basta lembrar de Stephanie Mier dizendo que criou Bella Swan para representar todas as garotas do mundo.

Menos que eu não veja uma representatividade tão grande, afinal, todas são representadas por atrizes brancas, sem contar que maior parte dos elencos são de pessoas brancas. Em alguns casos, como Violetta e Soy Luna, o único ator negro é Samuel Nascimento, brasileiro, que além de estar nessas duas séries também está em GO!. Felizmente, o Brasil está seguindo um caminho completamente diferente desse, já que nossa novela juvenil mais famosa, Malhação, está pegando um caminho totalmente diferente desses.

Felizmente, GO! já está renovada para 2ª temporada que estreia em junho na Netflix, e eu mais do que recomento que assistam a 1ª temporada.

12 comentários:

  1. Nossa, mas nem tinha visto falar dela. E caramba, tem muita coisa copiada mesmo! Nome e tramas que lembram outras, gente...
    Não sei se é lá meu tipo de historia hoje em dia, quando era criança gostava muito daquele de rebelde e coisas do tipo. Achei interessante por ser pequena. Fica mais fácil de ver se der aquela louca e acabar assistindo mesmo. Tem coisa legal pelo visto, uns temas interessantes, sem tanta enrolação e aquela coisa estendida ao máximo, e pode ser que prenda bem pelo que tem aí de dramas. No momento ainda não vejo, mas fica a dica.

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  2. Oi Keryn,
    Gosto que a catálogo da Netflix seja tão grande e diversificado, mas nem tudo que está lá me chama atenção. Eu entendo que a tendência do mundo (em qualquer área) é explorar ao máximo algo que dá certo. Se Rebelde foi um sucesso e fosse aplicada a mesma fórmula com outros personagens não teria como dar errado, certo? Acredito que esse tenha sido o pensamento e a lógica para criar as séries que vieram depois. Como nunca assisti Rebelde, Violeta e as outras citadas (que devo confessar nem sabia que existiam) não tenho uma referência sobre o que faz com elas sejam um sucesso entre os telespectadores. Mas creio que por se tratar de histórias com personagens em idades escolares isso mexe com o público jovem, que acredito seja um número muito grande na porcentagem dos que assistem essas séries. Essa é a primeira vez que fico sabendo de GO! Viva do Seu Jeito e como já passei dessa fase infanto-juvenil há muito tempo, não é algo que me desperta curiosidade.

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  3. Eu adoro estes seriados juvenis. Sei lá, apesar de não ser o meu foco principal, sempre faço questão de dar uma chance a estes mais leves e descontraídos.
    Já tinha visto o nome desta série pelos lugares que passo, mas não havia me interessado de fato pelo tema.
    Realmente há muito de mais do mesmo, mas algumas séries se destacam sim, por trazerem um diferencial gostoso e pelo que li acima, Go tem bem do diferente e talvez por isso, tenha me feito interessar por ela.
    Assim que minha fila diminuir, caçarei! rs
    Beijo

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  4. Kevyn!
    Embora goste muito de musicais, filmes do gênero mais adolescente, como esse e todos os que citou que serviram para compaor esse, nunca fizeram muito minha cabeça por vários motivos que nem vou citar.
    Ainda assim, valeu pela dica.
    Boa Páscoa!
    cheirinhos
    Rudy

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  5. Hola Kevyn! (em espanhol mesmo pq sou dessas kkkk)
    Juro que não tinha a menor ideia de quantos "filhos", pra não falar copias, Rebelde tinha deixado pelo mundo, eu como fa que era não me vejo assistindo a nenhuma dessas outras xerox rsrs
    Pra mim RBD é unico e ponto final.
    Bjokas!

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  6. Oi, Kevyn!
    Comecei a assistir Rebelde só a partir da segunda temporada, e confesso que foi depois de bastante insistência das minhas primas, elas viviam cantando as músicas, e eu acabei me rendendo rsrs... Até que era legal.
    Não conhecia Kally’s Mashup, mas já ouvi falar por alto de Violetta e Luna, contudo, dá pra ver que as três séries são praticamente cópias uma da outra, e sinceramente achei também isso de GO! Viva do Seu Jeito, apesar das diferenças que você citou, como o protagonista ser meio-irmão da meia-irmã de Mia...
    Mas enfim, não curto série infanto-juvenil, por isso não me interessei por GO!... Bjos!

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  7. Oi, Kevyn!
    Comecei a assistir Rebelde só a partir da segunda temporada, e confesso que foi depois de bastante insistência das minhas primas, elas viviam cantando as músicas, e eu acabei me rendendo rsrs... Até que era legal.
    Não conhecia Kally’s Mashup, mas já ouvi falar por alto de Violetta e Luna, contudo, dá pra ver que as três séries são praticamente cópias uma da outra, e sinceramente achei também isso de GO! Viva do Seu Jeito, apesar das diferenças que você citou, como o protagonista ser meio-irmão da meia-irmã de Mia...
    Mas enfim, não curto série infanto-juvenil, por isso não me interessei por GO!... Bjos!

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  8. Olá! Acredito que já passei um pouco da idade para conferir essas séries adolescentes (risos), a trama não chamou nada minha atenção, realmente parece que os autores não se esforçaram muito para trazer algo novo.

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  9. Oi, Kevyn!!
    Não conheço nem a metade das séries que você citou aqui, e não conhecia GO também, como gosto mais de série de terror e de suspense não sei se vou assistir, mas o primário episodio vou conferir e se gostar dou uma chance.
    Bjos

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  10. Oi, Kevyn
    Fico feliz que você vai trazer as séries que ninguém comenta ou indica aqui pra gente.
    Bom faz tempo que não assisto esse tipo de drama adolescente, enfim porque já são mais do mesmo. Mas possa ser que dê uma olhadinha em GO.
    Obrigada pela dica, beijos!

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  11. Bom, não curti essas séries tipo Violeta e Luna. Gostava muito de Rebeldes, mas atualmente acho que não assistiria. Mas para quem gosta vai ser sucesso total.

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Priscila, linguista de formação, doutoranda em Narratologia. Começou a ler um livro do Sidney Sheldon aos oito anos e nunca mais parou. Hoje, fez das Letras sua profissão.

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