Convenção das Bruxas (2020) | Crítica


E depois de 84 anos esse blog volta a fazer uma crítica de cinema e com um dos lançamentos de filme mais esperados pelo fãs da Sessão da Tarde entre os anos 90 e 2000, Convenção das Bruxas. O remake do filme homónimo de 1990, vem como um das poucas apostas de lançamento desse ano e já conta com várias polêmicas e críticas antes mesmo de seu lançamento mundial.

Inicialmente, é necessário lembrar que após o início da pandemia e com questões de isolamento social e fechamento do comércio, muitos dos lançamentos importantes desse ano, como Viúva Negra e Mulher Maravilha, acabaram sendo adiados para o ano que vem, quando o número de salas cinemas talvez esteja maior. Então, os poucos lançamentos que tivemos esse ano, fora os que foram direto para streaming, tiveram um foco muito mil vezes maior do que poderiam ter se lançados em temporadas normais.

 

E é justamente aí que entra um grande erro da Warner. Lançar um remake de um clássico dos anos 90 em meio a uma pandemia com todo o foco voltado para ele, principalmente depois do fracasso que foi Novos Mutantes, tanto pela crítica quando pelo público. Era necessário ser algo muito grandioso para conseguir levar os espectadores ao cinema.

 

Mas antes de pontuar onde o filme erra, precisamos lembrar um pouco da narrativa. Em Convenção das Bruxas, acompanhamos o recém órfão chamado apenas de O Garoto / Hero Boy (Jahzir Kadeem Bruno e Chris Rock) e sua Avó (Octavia Spencer), que após perceberem que há uma bruxa em sua pequena cidade, resolvem ir à um hotel de luxo com a expectativa de não haver um ataque lá, já que bruxas não atacam crianças ricas pois seriam mais procuradas.

 


O problema é que ao chegar ao hotel, O Garoto descobre que há uma convenção de bruxas no mesmo hotel e que a Grande Bruxa (Anne Hathaway) possui um plano para acabar com todas as crianças do mundo. Assim, O Garoto, seu novo amigo Bruno (Codie-Lei Eastic), sua ratinha de estimação (Kristin Chenoweth) e sua Avó entram em uma missão para acabar com o plano.

 

Quando observamos que um dos roteiristas é ninguém menos que o vencedor do Oscar de Melhor Filme e Melhor Diretor Guillermo Del Toro (O Labirinto do Fauno, A Forma da Água, Hellboy, O Hobbit, Festa no Céu e muitos outros), que também produz o filme junto do vencedor do Oscar de Melhor Diretor (2 vezes), Melhor Edição, Melhor Fotografia, Melhor Filme Estrangeiro, Alfonso Cuarón (Roma, Gravidade, O Labirinto do Fauno, Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban e muitos outros) não tinha nada para dar errado no roteiro e a quantidade furos que encontramos é de algo a se admirar. Entrando em um pequeno spoiler, o motivo do Garoto e da Avó irem para o hotel é ficar em um lugar rico pois bruxas não atacam crianças ricas por elas serem mais procuradas pelas autoridades, só que a primeira criança a ser atacada pela Grande Bruxa é justamente uma criança rica.

 

Além disso, o roteiro não sai de baixo. Normalmente, em um filme, temos uma introdução mais baixa, seguida de um momento mais alto (ápice) e finaliza com uma decaída lenta até acabar. Em Convenção das Bruxas não existe esses momentos, pois quando você acredita que a narrativa vai evoluir, volta para algo totalmente inválido ao que vinha sendo desenvolvido, e isso acontece até o final. Ou seja, quando o espectador cria a expectativa de uma evolução na narrativa, o foco muda completamente de lado deixando a parte o que estava por vir.

 

Por isso, não é difícil compreender o motivo de não ter agradado nem a crítica e nem os espectadores. Além de não parecer em nada com a emoção do primeiro filme. Uma tentativa falha de substituir o horror que as bruxas passaram nos anos 90 com maquiagem por tecnologia de computação gráfica ficou algo bizarro e não passa nenhum medo. A cena clássica da desmontagem das bruxas ficou parecendo com um filme de terror para crianças, quando o pensamento é “vamos assustar, mas vamos fazer eles riem”, só que nem assusta e nem sorri.

 


Um dia poucos pontos a se considerar é a atuação de Octavia Spencer e Anne Hathaway, que apesar de estar aceitável, não é de longe a melhor atuação delas, que já entregaram apresentações muito melhor. Lembrando que as duas possuem o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante, e que a atuação em Convenção das Bruxas não chega nem perto.

 

No final das contas, para os fãs de Convenção das Bruxas, não sei se vale a pena correr o risco de ir até o cinema apenas para assistir ao filme, que não é digno de nenhuma lembrança. Prefiro guardar comigo as sensações de passar uma tarde vendo a primeira versão.




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Priscila, linguista de formação, doutoranda em Narratologia. Começou a ler um livro do Sidney Sheldon aos oito anos e nunca mais parou. Hoje, fez das Letras sua profissão.

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