The Handmaid's Tale | Primeiras Impressões



Não é segredo para ninguém que por aqui somos todas feministas mesmo e amamos quando nos indicam obras sobre o tema. Pois bem estava navegando na internet quando vi uma reportagem que falava sobre Emma Watson estar distribuindo nas ruas de Londres exemplares de "O Conto da Aia"da autora Margaret Atwood, livro publicado no Brasil pela Editora Rocco, e que tem teor feminista. Qual não foi minha surpresa ao saber que existia uma adaptação desse livro em formato de série. Corri para ver e foi a MELHOR escolha que fiz esse ano.


Em Handmaid's  Tale vamos conhecer June, uma mulher que agora se chama Offred e sua história que se mistura a história de milhares de mulheres vivendo nessa época nos EUA. O contexto geral é de uma distopia, por algum motivo a maioria das mulheres em todo o mundo não está mais procriando, pouquíssimas são as que conseguem trazer uma criança saudável ao mundo. Então uma seita religiosa se organiza e toma o poder no país transformando assim a vida de milhares de mulheres. 

A primeira coisa importante a dizer sobre o contexto da série é que todas as mulheres em geral perdem seus direitos e podem ser classificadas em cinco categorias:

1)As mulheres dos generais/capitães: as esposas dos cabeças da organização vestem apenas verde, elas são a imagem da esposa modelo, não podem procriar e para isso participam da "Cerimônia" onde seus maridos estupram as Aias enquanto elas seguram as mulheres pelos braços. Não tem voz, elas só tem permissão para cuidar do lar, não são permitidas leitura, maquiagem, roupas de moda, etc.


2) As Marthas: são as mulheres que cuidam das casas, prédios públicos e ilícitos, são espécies de empregadas domésticas. Também não podem procriar, mas dentro do regime tem uma importante missão de cuidar dos lares do país, também não podem ler, usar maquiagem, roupas da moda, ver tv ou ouvir rádio.

3) As Aias: São aquelas mulheres que conseguem procriar, elas são remanejadas em todo o país para procriar os filhos para a nação, são estupradas durante a "Cerimônia" pelos homens do alto escalão do governo até que engravidam, depois de ter a criança são enviadas para uma outra casa. Elas vestem vermelho, não tem permissão para ler, ver tv, ouvir rádio ou vestir roupas da moda e no caso específico das Aias, elas não podem sair de casa sozinhas, quando são mandadas para o mercado, por exemplo, são obrigadas a saírem em par com outra Aia.

4) As Tias: São as mulheres, muitas vezes mais velhas, que treinam, preparam e são responsáveis pela disciplina das Aias. Elas vestem marrom e também perderam todos os direitos como ler, ver tv, ouvir rádio.



5) As Jezebel: são espécies de prostitutas, que antes tinham todas as profissões de advogadas a jornalistas, mas foram aprisionadas e escolheram ficar vivas a serem mandadas para as chamadas colônias, onde as pessoas são obrigadas a recolher lixo tóxico e acabam morrendo. Essas mulheres se vestem de forma sensual, vivem nas casas de Jezebel, que são espécies de prostíbulos e recebem homens estrangeiros, grandes empresários e altas patentes do governo. Elas usam drogas para aguentar todo tipo de perversão que são obrigadas a fazer e são prisioneiras do regime.

Há também nesse contexto o preconceito contra as lésbicas, que são criminalizadas, assim como os gays, o que importa aqui é que as pessoas no geral precisam procriar e o fundamentalismo cristão está a toda nessa sociedade. Sendo assim, lésbicas e gays são enviados para as colônias, assim como todos os professores, por terem muito conhecimento, salvo as professoras que pudessem procriar. Eles eliminam todo e qualquer possível problema.


Esse regime está vigorando apenas nos EUA, enquanto isso no resto do mundo apesar de a população mundial diminuir a cada ano, ainda se mantém a esperança sem barbárie.

É assustador pensar que The Handmaid's Tale apesar de ser uma obra distópica traz elementos de realidade, pois em muitos lugares do mundo ainda se tem misoginia e as mulheres ainda são tratadas como vacas parideiras. A violência retratada na série é realmente de assustar e nos faz dar mais valor ainda as coisas que conquistamos como sociedade ao longo dos séculos. Ainda não é perfeito, mas coisas como ter seu próprio dinheiro, seu próprio emprego, ter a liberdade sobre escolher como seu corpo será usado, ter conhecimento, é algo que só valorizamos quando nos lembramos que são diretos conquistados e que mulheres ao redor do mundo até hoje não tem isso.

A obra de Margaret Atwood, adaptada pela Hulu, choca por ser uma verdade nua e crua sobre uma sociedade que poderia sim se tornar a nossa, as situações são muito plausíveis, são situações reais e a barbárie retratada já foi vivida em outro momento da sociedade humana.

Os atores da série tem um timming genial, eles nos fazem sentir seu desespero, sua ganância, luxúria, desespero, etc. de forma muito real. Meu destaque vai para a personagem Moira, importantíssima para a trama num geral.

Depois de recomendar muito a série para vocês, que ainda não está disponível na Netflix, eu vou atrás de ler o livro, que é caro #facilitaeditorarocco, mas que baseado na série vale super a pena. Aliás acabou de sair a lista dos indicados ao Emmy do ano de 2017 e adivinhem quem está listado nas categorias: Melhor Série Dramática e Melhor Atriz em Série Dramática, estamos torcendo pra The Handmaid's Tale levar pelo menos um prêmio para casa.

14 comentários:

  1. Sem palavras vou já atrás de baixar essa série, tipo enredo incrível e original que retrata uma faceta nojenta da nossa sociedade, que ainda insiste em submeter as mulheres, que ainsa insiste em ridiculariza-las, estereotipa-las e rotula-las. #PartiuAssistir

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  2. UAU! Parece ser uma série e tanto. Ainda mais sendo indicada ao Emmy!
    Gosto também dessa questão feminista ser abordada em séries e livros e confesso que fiquei bem animada pra conhecer a obra.
    Parece se uma história bem intensa e envolvente!
    Emma Watson sempre arrasando nas leituras, essa mulher é incrível rs.
    Espero conferir livro e série em breve. Já anotei aqui <3
    Beijos
    Caroline Garcia

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  3. Olá, AMÉM THE HANDMAID'S TALE. Essa é a melhor série de 2017 e com certeza vai ganhar vários Emmys. Quando assisti ao piloto só me perguntei "Por que eu não assisti essa maravilha antes?". As atuações são sensacionais e o tema é um tapa na cara da sociedade patriarcal. Também estou querendo ler a obra que deu origem ao seriado, mas realmente o preço está salgado (aposto que aumentaram depois que a série virou um sucesso). Beijos.

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  4. E realmente uma barbaria isso que acontece na série, espero que nunca aconteça isso realmente, pois durante a leitura de sua resenha fiquei toda arrepiada, imagino assistir isso o quando deve ser doloroso. Confesso que ainda não conhecia o livro, e muito menos a série, que espero que seja logo reproduzida pela netflix, pois quero assistir. Espero que traga resenha da obra, pois quero tomar a decisão de ler ou não.


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    http://petalasdeliberdade.blogspot.com.br/

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  5. Eu fiquei com muita, mais muita vontade de ver essa série. Tinha visto comentarem por cima sem entregar grandes detalhes.
    Adoro diárias e adorei essa divisão das mulheres que tem um q de realidade. Reassisti um dia desses o filme As Sufragistas e chorei por horas. É muito triste e revoltante essa situações que as mulheres se encontraram e se encontram ainda.
    Obg pela indicação!

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  6. Eu não ia ver essa série, mas acabei ficando curiosa depois de ver tanto do livro e fui lá, sem esperar muito e sem conhecer a história. Que surpresa quando fui assistir o primeiro capítulo. Que surpresa quando vi o segundo. E que surpresa quando vi o terceiro. Já ganhou um selo sériezão da po@$% com 3 episódios.
    Essa distopia que não tem cara de distopia já me encantou de cara. É bizarro! As coisas que fazem, como tratam as mulheres como lixo e toda essa desvalorização e a coisa religiosa no meio e como distorceram tudo e....ai meu Deus, que história ruim de acompanhar. Dá agonia, mas é ótimo. É horrível pensar que algumas dessas práticas existem mundo afora...
    A coisa das lésbicas e gays, como falavam que isso era uma "traição ao gênero" e o que faziam com quem era assim....meu, quanta coisa horrível. Dá agonia de assistir esse negócio. E o pior é o estupro com justificativa religiosa. Que me#$% é aquela!?!
    Sério, se tem alguém lendo esses comentários aqui só vai lá e assiste amigo. Cê não vai se arrepender.

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  7. Oi Pri, tudo bem?
    Não sei nem dizer a raiva que eu sentiria assistindo a série, e vendo que esta é uma realidade muito próxima a nossa hoje em dia. Não conhecia esta série ainda, e não sei se eu conseguiria assistir de tanta raiva que iria passar, mesmo sabendo que é uma série hahah
    Sei que conteúdos como este são importantíssimos que existam para conscientização e tomara que ele cumpra este papel.
    Beijos

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  8. Este comentário foi removido pelo autor.

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  9. Só pelo fato do feminismo já me interessei. E ser distopia também me chama a atenção. O enredo é bem diferenciado e parece ser uma boa leitura principalmente por colocar a realidade em si.
    P.s: Emma Watson arrasou.

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  10. Oi, Priscila!!
    Que série mais interessante, fiquei bem curiosa com tudo que você descreveu no texto, e também é horrível pensar em tudo o que acontece na série!! Sem dúvida também fiquei muito interessada em ler o livro.
    Bjoss

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  11. Olá! Achei muito interessante o enredo da série, adoro distopias, e essa que mistura religião e feminismo, com certeza irá me agradar e fazer-me curtir acompanhar essa história, também vou querer ler o livro que inspirou a série, para entender melhor a proposta da autora.

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  12. Priscila!
    Você falou que somos feministas e somos mesmo, por isso, apesar de ser uma distopia histórica, digamos assim, acho bem revoltante a forma como as mulheres são dividicdas em 'castas' e cada uma só tem direito a fazer aquila que lhe é destinado.
    quero ler o livro e ver a série també, só não entendi o seguinte, se ainda não está disponível na Netflix, você assistiu por onde?
    “Educar é semear com sabedoria e colher com paciência.” (Augusto Cury)
    Cheirinhos
    Rudy
    TOP COMENTARISTA DE JULHO 3 livros, 3 ganhadores, participem.
    http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/

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  13. Oi, eu o vídeo da Emma colocando os livros nas ruas, e já conhecia o livro por causa de uma postagem.
    Que forte, o pior que eu consigo imaginar ser privada de tudo dessa forma, não deve ter ninguém feliz misericórdia.
    Vou dar uma olhada na série.

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Priscila, linguista de formação, doutoranda em Narratologia. Começou a ler um livro do Sidney Sheldon aos oito anos e nunca mais parou. Hoje, fez das Letras sua profissão.

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