Hunters (2020-) | Crítica


As vezes ficamos tão fixos nos lançamentos da Netflix que esquecemos que outros serviços de streaming possuem séries tão boas, ou até melhores. É o caso do Prime Videos (antigo Amazon Prime), que possui muitas séries excelentes como Good Omens, Deuses Americanos e The Boys. E é justamente no Prime que temos uma das produções do momento: Hunters. Com grandes nomes como Al Pacino e Logan Lerman, Hunters traz uma temática bem interessante e necessária. Agora será que você está pronto para ver judeus caçando nazistas?


Hunters se passa no final da década de 70, quando milhões de judeus sobreviventes do holocausto tiveram que se mudar para várias partes do mundo e recomeçar a sua vida, tentando não reviver tudo o que passaram. O grande problema é que os nazistas não sumiram junto com o fim da II Guerra Mundial, eles apenas assumiram novas identidades e vivem suas vidas como se todos as crueldades do passado tivessem sido esquecidas.

A história se desenrola depois de Jonah Heindelbaum (Logan Lerman), um jovem órfão, perde a avó, Ruth (Jeannie Berlinn), em um ataque dentro da própria casa. O garoto, apesar de trabalhar em uma loja de artigos geek, está envolvido com tráfico de drogas e pessoas perigosas. Quando procura o culpado pela morte da vó, oferecendo uma grande quantidade de maconha em troca de informações, acaba preso. Isso faz Jonah ser preso e sem nenhuma saída.

É então que Meyer Offerman (Al Pacino), paga a fiança de Jonah. Sem saber o motivo disso, o garoto procura o homem rico e questiona o que o levou a liberá-lo. A verdade é revelada. Ruth pertencia a um grupo de judeus que caçam nazistas, com o intuito de se vingar das atrocidades que passaram, e que a vó foi assassinada pelo grupo que caçava.


A temática que envolve a série é excelente e original, pois estamos acostumados a ver apenas histórias do holocausto, como é o caso de O Menino do Pijama Listrado e A Lista Schindler, e poucas vezes nos questionamos o que aconteceu com os nazistas depois de tudo, afinal, eles não sumiram do dia pra noite ou morreram. Além disso, imaginar os estragos psicológicos que os sobreviventes tiveram é algo avassalador.

Apesar disso, a história que tinha tudo para dar certo, acaba se perdendo no meio. Eles tinham excelentes atores, um bom enredo, um ótimo orçamento e... simplesmente não funcionou.

Al Pacino era o grande nome e estrelou praticamente todos os comerciais, incluindo o exibido durante o Super Bowl, entretanto não tem tanto tempo de tela assim, ficando Logan Lerman com essa função. Isso não justifica, já que Lerman tem um bom nome também, afinal, foi estrela de filmes como a saga Percy Jackson e As Vantagens de Ser Invisível e consegue trazer um bom número de espectadores teen. Colocar Al Pacino como principal e no final não ter o esperado, torna um dos pontos frustrantes da série.


Outra coisa é o tom humorístico que a série pega em certos momentos sem ser explicado. É perceptível que há a intenção de dar um alívio cômico, mas é desnecessário. Por exemplo, quando Jonah é apresentado aos Hunters e decide se juntar a ele, um comercial de filme dos anos 70 começa a passar em sua cabeça, inclusive, demonstrando que os personagens são propositalmente estereótipos de filmes de espionagem da época. Em outro momento, Jonah está conversando com os amigos em um píer e de repente começa um flash mob sem explicação, e ainda temos que aguentar ver Logan Lerman dançando todo duro e desengonçado.

Além disso, a história acaba se perdendo no meio, com ações inexplicadas, soluções rápidas e sem contexto e episódios sem necessidades nenhuma, acontecendo grandes nadas que não ajudam em nada na evolução da história.

Apesar de tudo isso, a série é consegue cumprir com o seu intuito de levar esse sofrimento que os judeus, gays, negros, deficientes e todos os que não pertencem aos grupos nazistas. Por outro lado, instituições de defesa da memória do holocausto acusam a série de acrescentar fatos que não estão nos relatos. Mas nos faz pensar na quantidade de atrocidades que esses povos passaram.

Outra coisa que chama a atenção é o cuidado com a parte técnica por trás das série. A edição, fotografia, figurino, maquiagem e câmeras deixam a situação até mais agradável de ver, já que em muitas cenas há violência e luta, ou até mesmo em memórias do holocausto que trazem uma carga dramática muito maior. Sem contar com a palheta de cores, que faz jus a predominância da moda dos anos 70.

Hunters, ainda que seja tudo isso, é uma ótima opção para passar o tempo, que nos faz refletir sobre a crescente onde neonazista e como isso afeta não só o presente como a memória do passado e a esperança do futuro. A primeira temporada já está disponível completa no Prime Video.

10 comentários:

  1. Eu estava de namoro com essa série, até começarem as críticas negativas dela. Claro, o nome de peso dos atores, o enredo, tudo induzia que seria algo bem grandioso e andei lendo como acima, que não foi nadinha perto do que a maioria de nós, pensava.
    Não digo que não verei,mas...já saiu bem da minha listinha de desejados!!!
    Beijo

    Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na Flor

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  2. Olá! Uma pena que uma série que tinha tantos elementos bacanas não conseguiu desenvolver seu enredo com todo o potencial que ela tinha, mesmo assim, ainda tenho curiosidade em conferir (pena que não tenho tempo!), justamente por explorar esse período de um outro ponto de vista.

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  3. Gosto muito do tema de holocausto e do tanto que ainda se tem pra aprender sobre o assunto. Achei interessante uma história que mostre o depois e de um jeito tão mais...leve? Tem aquele tom perigoso e dramas, mas também momentos mais engraçados e a coisa não parece só aquele desespero sem fim de outras histórias do tipo. Mostrar o depois e os perigos que permaneceram, o que aconteceu com nazistas e como as coisas não sumiram do nada é algo interessante de se ter em mente. O que as pessoas fazem depois. Como se viram nesse novo mundo. Tem um tom diferente e achei legal isso.

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  4. Oi, Kevyn
    Não tava sabendo dessa série, mas já quero assistir!
    Adoro tudo sobre o holocausto. E acho que vou curtir bastante essa.
    Bjs

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  5. Olá!
    Bom, é verdade que muitos esquecem da Amazon Prime, mas por lá existe varias series incríveis e filmes, gosto bastante de lá. Gostei da premissa e é bem interessante, mas não sei se eu assistiria.

    Meu blog:
    Tempos Literários

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  6. Kevyn!
    Filmes com Al Pacino são sempre excepcionais e me surpreende ter um tom de sátira sobre os filmes de espionagem dos anos 70.
    Deve ser uma série boa e vou ver se consigo acompanhar.
    cheirinhos
    Rudy

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  7. Nossa, uma pena uma série com uma temática tão bacana e importante tenha se desenvolvido tão bem. Apesar disso, darei uma chance a série porque ela trata de assuntos que me atraem!!

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  8. Oi, Kevyn!!
    Não conhecia Hunters, pois não tenho assinatura da Prime Videos. Achei a história bem legal mas pelo visto não conseguiram desenvolver bem a série e acabaram enrolando-se com enredo. Bem, não sei se vou assistir mas parece ser bem interessante.
    Bjs

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  9. Oi, Kevyn
    Estou vendo a série Chicago Fire e toda vez tem a propaganda dessa série.
    A série tinha um potencial bacana, pena que não funcionou bem.
    Quando tiver um tempo vou assistir, beijos.

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  10. Não tinha visto nada da série até agora, gostei do enredo geral, traz uma proposta bem diferente do que estamos acostumados a ver por aí sobre o tema. Mas uma pena que a série pecou no desenvolvimento do enredo, mas continuo com curiosidade para conferir a série.

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Priscila, linguista de formação, doutoranda em Narratologia. Começou a ler um livro do Sidney Sheldon aos oito anos e nunca mais parou. Hoje, fez das Letras sua profissão.

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