CRÍTICA | ELVIS (2022)


Depois de Bohemian Rapsody e Rocketman, cinebiografias de Freddy Mercury e Elton John, respectivamente, agora temos Elvis, a cinebiografia do Rei do Rock, Elvis Presley. E não há como não comparar esses três filmes. Mas o que Elvis traz de novo? E o que podemos conhecer da vida de Elvis que já não sabíamos?

Inicialmente, é interessante falar sobre a escolha da voz narrativa, que não é colocada no protagonista, mas sim em seu ex-agente Tom Parker (Tom Hanks), como uma tentativa do personagem de se livrar das acusações de ter provocado a morte de Elvis Presley (Austin Butler).

 

O filme já começa deste ponto, Coronel Parker, em seus últimos dias no leito de morte, tentando não se culpar pela morte do Elvis e provando que sem ele o cantor não seria nada.



Isso já é uma escolha de produção peculiar, se levarmos em consideração que o filme não aborda a infância do protagonista logo de cara, mas sim partir do momento em que Parker descobre a existência de um cantor branco que mistura músicas consideradas de negros e brancos.

 

O filme vai abordar todos os aspectos da vida do cantor, desde o crescimento da carreira de sua carreira até a morte. Inclusive, a importância de Elvis para o movimento negro dos EUA, a quebra de padrões da época e a mudança de meio de entretenimento em busca de continuar com a fama.

 

Só que o que poderia ser controlado no começo, acaba virando um caos de edição. O filme tem um total de 2h40m, e a primeira metade tem um tom tão frenético que é quase impossível você acompanhar tudo que acontece. São tantos cortes, tantas mudanças de cenários, ambientes, personagens que fica confuso para quem assiste.


A primeira hora do filme dá a impressão de ser um grande trailer que precisou de horas de edição e cortes para ficar naquele modelo. Em certos pontos isso até pode fazer com que flua melhor, e não deixe passar nada da história do rei, mas imagine, do momento em que Elvis é levado para servir no exército americano na Europa, seu casamento com Priscilla Presley (Olivia DeJonge) e o nascimento de sua filha, decorre aproximadamente 10 minutos de filme, e todos os fatos são apresentados.

 


Já a segunda metade consegue manter um ritmo mais agradável para o expectador, trazendo muito mais momentos de tensão e drama para a história, já que deixa de focar em tudo que acontece ao redor do protagonista para focar na relação conturbada entre o cantor e seu empresário.

 

Talvez o que deveria ser o atraente ao público, foi justamente onde o filme erra. Quando vemos uma cinebiografia, o que mais nos interessa é justamente conhecer melhor a vida de quem é representado. Em Elvis, o pecado é justamente esse, tentar expor muita coisa em “pouco tempo”. Talvez, se desde o início tivessem focado apenas na relação de Elvis e Parker, não seria tão corrida.

 

Apesar disso, de forma alguma o filme pode ser descrito como ruim. Longe disso, ele consegue prender o expectador do começo ao fim, e isso acontece principalmente por dois fatores, os efeitos visuais e atuação.

 


Austin Butler foi, sem dúvida alguma, a surpresa imensa desse filme. O ator entrega tão bem o Elvis, que em determinados momentos você não consegue diferenciar se é uma cena do filme ou algo retirado de gravações originais do cantor.

 

É agora que causo a discórdia. Rami Malek recebeu o Oscar de Melhor Ator pelo papel de Freddy Mercury e não foi tão impactante. Enquanto, Taron Ergeton, intérprete de Elton John, não foi sequer indicado e entregou muito mais. Austin não foi tão bom quanto Ergenton, mas foi muito melhor que Rami. Será que ele terá sua indicação?

 

Outro que não posso deixar de comentar é Tom Hanks no papel do Coronel Tom Parker. Nunca tinha assistido um filme com Hanks que me fizesse odiar o personagem, mas aqui, o ódio vem do começo ao fim, demonstrando que o ator consegue sim entregar o que for necessário, seja o mocinho, seja o vilão.

 


Não podemos também de deixar de falar do processo de caracterização, seja através do figurino ou da maquiagem. Está tudo tão impecável que é notório para as mudanças físicas e temporais durante o desenvolvimento da história. O mais positivo é a transformação de Tom Hanks, que está irreconhecível e a mudança corporal de Elvis no fim de sua vida.

 

Por fim, não sei se o filme precisaria ter 2h40m, mas ele cumpre com seu papel de contar uma história. Além disso, mostra situações que até mesmo fãs podem desconhecer. Ou seja, o filme é uma obra prima e vale muito a pena assistir.

 


E no final Elvis morreu apenas por amor aos fãs.

 

Elvis estreia hoje, 14 de julho (Dia Mundial do Rock), no cinemas do mundo todo.



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Priscila, linguista de formação, doutoranda em Narratologia. Começou a ler um livro do Sidney Sheldon aos oito anos e nunca mais parou. Hoje, fez das Letras sua profissão.

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