CRÍTICA | Não Se Preocupe, Querida (2022)

 




Em meio aos muitos rumores e polêmicas, chega ao cinema o novo filme de Olivia Wilde, Não se Preocupe, Querida, um thriller psicológico que conta com a participação de nomes como Florence Pugh, Harry Styles, e Chris Pine. Infelizmente, é provável que o filme fique mais conhecido pelo que aconteceu nos bastidores do que pelo conjunto da obra.


A partir de uma carreira prévia como atriz, Wilde estreou na direção em 2019, com o longa Fora de Série, uma comédia muito bem conduzida que mostrou o potencial de Wilde como diretora. Dessa vez, a atriz e diretora se aventura em outro gênero, mas não consegue entregar a mesma qualidade vista em sua obra de estreia.

Nesse longa, acompanhamos o cotidiano de Alice Chambers (Florence Pugh), que mora em uma comunidade utópica isolada, enquanto seu marido, Jack Chambers (Harry Styles), trabalha em uma misteriosa empresa chamada de Projeto Vitória. Na estranha cidade construída em meio a um deserto, todos os homens parecem trabalhar para Frank (Chris Pine), dono da empresa, enquanto suas esposas vivem para cuidar da casa, fazer aulas de balé e curtir o sol escaldante à beira da piscina. Os problemas começam quando uma das mulheres levanta questionamentos sobre a vida no local, sobretudo em relação ao trabalho secreto desenvolvido pelos homens da cidade.

O filme até que começa bem e consegue sustentar uma atmosfera de suspense instigante durante boa parte do tempo, especialmente pela ajuda do excelente trabalho de John Powell na trilha sonora e de Matthew Libatique na fotografia. Alguns furos no roteiro, contudo, além de certos deslizes da direção, acabam prejudicando o resultado final.

Florence Pugh, protagonista do longa, mostra mais uma vez seu talento, entregando de maneira hipnotizante sua personagem. Harry Styles e Chris Pine, por outro lado, desempenham seus papeis de maneira mediana, com um pouco de destaque em relação ao restante do elenco, que, aliás, é muito mal aproveitado. O principal motivo desse subaproveitamento é que os outros personagens são planos e mal desenvolvidos, explorando muito pouco do potencial que os atores possuem. As personagens femininas, por exemplo, que deveriam sustentar o mistério, foram construídas praticamente sem personalidade.

Há até boas discussões apresentadas pela trama, como o papel da mulher nas comunidades modernas, as implicações de se viver em uma sociedade patriarcal e a relação da humanidade com a tecnologia. O problema é a impressão de já ter visto tudo isso sendo trabalhado em outras obras de maneira mais profunda ou mais pertinente. Ou seja, falta algum tipo de refinamento nas discussões propostas.

Mesmo com os problemas apontados, confesso ter gostado de boa parte do filme, ainda que tenha ficado muito decepcionado com o desfecho. Talvez a estética utilizada para a construção do mistério junto à artificialidade dos cenários tenha causado alguma espécie de curiosidade que me fez querer saber mais sobre aquela sociedade extravagante que crescia em torno do Projeto Vitória. Uma pena não ter recebido, ao final, tudo que esperava, mas acredito que possa funcionar para pessoas que entrarem no cinema com menos expectativas.


Por Samuel Holanda

Assista ao trailer:





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Priscila, linguista de formação, doutoranda em Narratologia. Começou a ler um livro do Sidney Sheldon aos oito anos e nunca mais parou. Hoje, fez das Letras sua profissão.

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