CRÍTICA| O Pior Vizinho do Mundo (2023)

 


Aproveitando o fato de que os americanos odeiam assistir a filmes com legendas, Tom Hanks encarregou-se de fazer o remake do recente longa sueco Um Homem Chamado Ove (2015), indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 2017. A versão sueca, adaptada de um romance homônimo escrito por Fredrik Backman, chamou a atenção de Hanks, que decidiu comprar os direitos de adaptação do livro e produzir sua própria versão em inglês: A man called Otto.


A trama se desenvolve a partir de um personagem bastante ranzinza chamado Otto, interpretado por Tom Hanks, cuja principal atividade diária é fiscalizar o cumprimento de cada regra do condomínio onde mora. Após perder sua esposa e seu emprego, Otto se sente deslocado e acredita que a única saída é o suicídio. Seus planos são frustrados com a chegada da simpática Marisol (Mariana Treviño) e sua família à vizinhança, invadindo a casa e a vida de Otto.

Como já dito, o projeto foi produzido por Tom Hanks, que gostou do personagem e decidiu que queria ser o protagonista da versão americana. Hanks convidou Marc Foster para a direção e, como revelou em entrevista à Reuters, nem sequer pensou em outro ator para o papel principal. Na verdade, Hanks aproveitou a oportunidade para presentear o próprio filho com um papel no longa. Assim, Truman Hanks interpreta a versão mais jovem de Otto em alguns flashbacks que vão aparecendo ao longo da história.




Indo direto ao ponto, o principal problema do filme é tentar nos convencer de que Tom Hanks pode ser um velho rabugento e antipático. Por mais que ele se esforce, deixando as sobrancelhas franzidas o tempo inteiro e resmungando constantemente, sempre parece o simpático e amigável Tom Hanks. Por outro lado, conquista toda a audiência nos primeiros cinco minutos, principalmente quando interage com a personagem de Mariana Treviño. Ao lado de Hanks, a atriz mexicana inclusive é uma das melhores coisas do longa, já que entrega uma Marisol ousada e divertida.

Há, contudo, mais alguns problemas no filme. Nos flashbacks, por exemplo, temos que nos contentar com a atuação bem regular do filho de Hanks, que infelizmente não tem o mesmo carisma do pai, nem a mesma expressividade. Além disso, há algumas atuações bastante caricatas, que puxam o longa para a comédia, mesmo em momentos em que isso parece inconveniente.




Na verdade, além das atuações, elementos como a trilha sonora e o figurino deixam bastante claro que o tom burlesco é intencional (e até combina com a persona de Hanks). O problema é que a obra, em sua essência, se propõe a discutir assuntos delicados como o luto e o suicídio. Eu, particularmente, senti certo incômodo em ver temas tão sérios sendo tratados em uma produção com tom marcadamente cômico.

Apesar dos problemas, porém, acredito que o longa deve agradar ao público em geral, sobretudo porque é um filme do Tom Hanks. E, mesmo para os que já conhecem a versão sueca, a interação de Mariana Treviño com Hanks compensa os problemas da versão americana e traz alguma novidade à história.

Por Samuel Holanda

Assista ao Trailer: 






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Priscila, linguista de formação, doutoranda em Narratologia. Começou a ler um livro do Sidney Sheldon aos oito anos e nunca mais parou. Hoje, fez das Letras sua profissão.

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