CRÍTICA | A MORTE DO DEMÔNIO: A ASCENSÃO (2023)

 


Quinto capítulo da franquia Evil Dead, A morte do demônio: a Ascensão é um filme de terror gore que dá continuidade aos feitos do aterrorizante livro Necronomicon Ex-Mortis. Entretanto, não é necessário ter assistido a todos os longas anteriores para entender seu enredo, já que essa história parece apenas se passar no mesmo universo dos outros filmes, sem, contudo, explicitar ligações diretas com seus personagens clássicos.


Beth (Lily Sullivan) visita sua irmã Ellie (Alyssa Sutherland) para lhe contar uma novidade. Durante a visita, porém, um terremoto revela um livro antigo e sombrio, encontrado e levado por Danny, um dos filhos de Ellie, para o apartamento da família. Após escutar alguns discos macabros que estavam junto ao livro, Danny acaba invocando um espírito maligno que se apossa de Ellie para atacar sua irmã e os próprios filhos. A trama, portanto, lembra um pouco a história do primeiro filme, mas se desenrola em um prédio na cidade de Los Angeles.

Lançado em 1981, The Evil Dead (Uma Noite Alucinante - A Morte do Demônio, no Brasil) foi um filme de baixíssimo orçamento que alcançou uma bilheteria impressionante e alavancou a carreira do então desconhecido diretor Sam Raimi. Além do primeiro longa, Raimi foi responsável por escrever e dirigir os outros dois filmes que fazem parte da trilogia inicial. Em 2013, uma espécie de sequência-reboot foi lançada, produzida por Raimi e dirigida pelo uruguaio Fede Alvarez. O novo longa, de 2023, também possui a participação de Raimi na produção, mas dessa vez o filme é dirigido pelo irlandês Lee Cronin e, como já dito, não representa uma sequência direta do quarto longa.



Apesar de não possuir muita experiência na direção, Lee Cronin faz um trabalho bem interessante, ainda que longe da perfeição. O roteiro, assinado pelo diretor, apresenta personagens complexos no núcleo familiar, mas também utiliza vizinhos genéricos, que parecem estar na trama para adiar um pouco o fatídico momento em que a mãe irá tentar matar suas crianças. Por outro lado, o texto enriquece bastante a obra ao dialogar com dilemas que fazem parte do universo da maternidade, principalmente ao inverter o papel da mãe, que passa a ser uma ameaça aos próprios filhos. Além disso, o roteiro consegue criar uma sensação de isolamento angustiante, necessária para o funcionamento da trama, mesmo em meio a uma cidade grande moderna.

Há evidentemente alguns clichês, visto que o terror é um gênero bastante explorado atualmente, sobretudo quando envolve espíritos demoníacos que só querem fazer o mal. Ainda assim, Lee Cronin consegue surpreender a audiência com algumas cenas difíceis de assistir, daquelas que fazem pessoas mais sensíveis desviarem o rosto ou cobrirem os olhos. O diretor também utiliza sua câmera para apresentar alguns planos estranhos e ousados, que contribuem para a construção do medo e do horror na obra.

Para aqueles que apreciam terror com cenas sangrentas e exposição de vísceras, portanto, o novo capítulo da franquia Evil Dead deve ser bastante agradável. O longa consegue reproduzir a essência dos filmes anteriores e ainda enriquece o material base ao adicionar um subtexto pertinente e atual, que o permite dialogar com públicos mais amplos.



Por Samuel Holanda


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Priscila, linguista de formação, doutoranda em Narratologia. Começou a ler um livro do Sidney Sheldon aos oito anos e nunca mais parou. Hoje, fez das Letras sua profissão.

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