CRÍTICA| SOBRENATURAL: A PORTA VERMELHA (2023)

 

Sobrenatural: A Porta Vermelha é o quinto capítulo de uma das mais lucrativas franquias da Blumhouse, famosa produtora de filmes de terror. Com exceção do primeiro longa, contudo, os filmes da franquia Sobrenatural não conseguiram cair nas graças do público e da crítica, tendo sempre uma recepção morna no lançamento. O quinto capítulo dessa história tem agora a chance de quebrar a maldição que paira sobre as sequências, agrando pelo menos ao público em geral.



A história se passa dez anos após os acontecimentos do segundo longa (sim, o terceiro e o quarto filme são dispensáveis prequelas) e a família Lambert enfrenta agora as consequências das decisões tomadas à época. Josh (Patrick Wilson) e Renai (Rose Byrne) estão divorciados e os filhos parecem não suportar a presença do pai. Dalton (Ty Simpkins), o filho mais velho, cresceu e precisa enfrentar a universidade (seu irmão continua sendo um mero coadjuvante), onde acaba desbloqueando suas habilidades sobrenaturais durante uma aula diferentona de arte. O resto da trama já é possível imaginar: fantasmas do passado correm para assombrar essa família muito azarada.



A direção dessa vez ficou com o próprio Patrick Wilson, que faz um trabalho melhor do que o realizado por James Wan nos dois primeiros longas. É incontestável o talento de Wan em Invocação do Mal, mas o cineasta deixou bastante a desejar na direção de Sobrenatural, sobretudo no segundo filme. Já Wilson, apesar de estreante como diretor, demonstra domínio das técnicas do terror, aliando uma atmosfera de suspense aos clássicos jump scares que marcam o gênero. O diretor, inclusive, prefere muitas vezes adiar o momento do susto, sustentando a tensão pelo máximo de tempo possível.




É evidente, contudo, que não se pode exigir muito dessa franquia. A estratégia da Blumhouse é a produção de filmes de terror com baixo orçamento e retorno garantido. Mesmo assim, o diretor soube extrair bons resultados das limitações impostas pela falta de grana. Os cenários são genéricos e limitados, mas Wilson utiliza essa limitação para construir uma sensação claustrofóbica. O roteiro é fraco e previsível, revisitando temáticas que já haviam sido exploradas nos primeiros longas, mas a direção consegue trazer algo novo em momentos oportunos. Por fim, a solução do conflito parece simplista e mal explicada, mas acabamos aceitando por pura simpatia com a obra. Enfim, não há nada de excepcional na produção, mas o longa tem potencial de agradar àqueles que curtem o gênero.



O quinto capítulo dessa franquia, portanto, não está entre os melhores filmes desse ano, mas também passa longe de figurar entre os piores. Com certeza deve decepcionar o público que entrar na sala de cinema esperando um novo Babadook ou Invocação do Mal. Porém, para quem curte terror convencional e assistiu pelo menos aos dois primeiros capítulos da história, é possível que funcione bem como um longa despretensioso de baixo orçamento.

 


Por Samuel Holanda


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Priscila, linguista de formação, doutoranda em Narratologia. Começou a ler um livro do Sidney Sheldon aos oito anos e nunca mais parou. Hoje, fez das Letras sua profissão.

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