CRÍTICA| GRAN TURISMO: DE JOGADOR A CORREDOR (2023)

 
Ao contrário do que muitos podem pensar, Gran Turismo: de jogador a corredor não é uma adaptação do famoso jogo de corrida para as telas do cinema. Na verdade, o filme é baseado na história do piloto britânico Jann Mardenborough, que basicamente começou sua carreira de piloto jogando videogame, ou melhor, disputando em um simulador de corridas, já que a intenção do jogo Gran Turismo é reproduzir fielmente a aparência e fisicalidade de carros reais em competições automobilísticas.

No filme, acompanhamos, portanto, a história de Mardenborough (Archie Madekwe), um adolescente apaixonado pelo jogo Gran Turismo que sonha em ser piloto, mas não tem dinheiro, nem família ligada às competições automobilísticas. Por ser um dos melhores pilotos em uma competição virtual, Jann é convidado para fazer parte da GT Academy, um programa desenvolvido em uma parceria da Nissan com a Sony, que tinha como objetivo transformar os melhores pilotos de competições virtuais em pilotos de competições reais. O jovem é então recrutado por Danny Moore (Orlando Bloom), executivo de marketing da Nissan, e treinado por Jack Salter (David Harbour), ex-piloto de corrida e engenheiro com experiência em grandes competições.




O longa, então, conta com dois grandes nomes no elenco, Orlando Bloom e David Harbour, que se destacam facilmente em meio aos demais atores por terem mais tempo de tela. É Harbour, contudo, que se sai melhor, parecendo bem mais à vontade em seu personagem ranzinza e pessimista que aparenta ter um passado trágico. Archie Madekwe, protagonista do longa, naturalmente possui bastante espaço para mostrar seu talento, mas acaba sendo um pouco ofuscado pelo carisma de Harbour nas muitas cenas em que interagem. Apesar disso, Madekwe consegue representar bem a complexidade do seu personagem, que, mesmo com suas habilidades, enfrenta muitas dificuldades para convencer a todos de que é capaz de fazer a transição como piloto do mundo virtual para o mundo real.

A maior parte dos problemas do longa, porém, estão no roteiro e na direção. Os muitos clichês e convenções do gênero acabam tornando tudo muito previsível, reduzindo a empolgação que poderia ser obtida por meio das cenas de ação. Com isso, Neill Blomkamp, diretor do longa, entrega mais um filme apenas mediano. Não chega a ser ruim, mas também não melhora seu currículo. O diretor havia estreado muito bem com o excelente Distrito 9 (2009), mas derrapou em Elysium (2013) e Chappie (2015). Em Gran Turismo, Blomkamp tem o mérito de ousar fazer algo diferente dos cenários distópicos a que estava habituado, mas acaba não surpreendendo àqueles que já tiverem assistido pelo menos alguns filmes de corrida no cinema.

Gran Turismo, contudo, pode empolgar fãs do famoso jogo (ok, simulador), sobretudo porque apresenta uma bonita história de superação recheada de cenas de corrida. Não entrará para a lista dos melhores filmes de 2023, mas aparece como uma opção de entretenimento para quem gosta da imersão audiovisual proporcionada pelo cinema. Pode ser que a primeira parte seja um pouco cansativa, mas o longa melhora bastante do meio para o final, compensando seus longos 135 minutos.


Por Samuel Holanda



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Priscila, linguista de formação, doutoranda em Narratologia. Começou a ler um livro do Sidney Sheldon aos oito anos e nunca mais parou. Hoje, fez das Letras sua profissão.

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