CRÍTICA| O PORTEIRO (2023)

 


Representando as produções nacionais, O Porteiro chega aos cinemas trazendo uma história com potencial para divertir, mas que acaba desperdiçando parte desse potencial devido à repetição de algumas piadas e à utilização de uma edição bastante excêntrica. Ainda assim, é possível que muita gente saia do cinema com um sorriso no rosto ao relevar os momentos de extravagância e constrangimento.

No filme, acompanhamos Waldisney (Alexandre Lino), que trabalha como porteiro em um prédio no Rio de Janeiro, mas que acabou indo parar na delegacia após o prédio ter sido assaltado. No depoimento ao Delegado (Maurício Manfrini), Waldisney conta sua história, que inclui desde o seu casamento com Laurizete (Daniela Fontan) até seu cotidiano no edifício Clímax ao lado da zeladora Rosivalda (Cacau Protásio) e do síndico Astolfo (Bruno Ferrari). Participam, ainda, da história os moradores do prédio (alguns bastante excêntricos), como dona Alzira (Suely Franco), dona Aline (Aline Campos), seu Gustavo (Heitor Martinez) e José Aldo (ele mesmo).



O longa é uma adaptação da peça homônima de Paulo Fontenelle, também protagonizada por Alexandre Lino no papel do porteiro Waldisney. A principal diferença é que a peça originalmente é um monólogo, de forma que o roteiro teve que ser bastante modificado para inclusão dos outros personagens. A adaptação ficou a cargo de Fontenelle, que se manteve na direção do filme. Essa ligação com o teatro acaba levando para a obra muitos elementos do palco, o que parece ser a intenção do diretor. O problema é que isso pode causar bastante estranhamento em parte do público, pois nem tudo funciona bem na tela de cinema e a linguagem teatral tem suas especificidades.

Há muita coisa positiva, claro, principalmente a atuação de Alexandre Lino no papel de porteiro, que interpreta seu personagem com muita leveza, carisma e dedicação. É possível perceber o quanto o ator adora o projeto e se dedica a ele. Há, contudo, outros personagens que ficaram praticamente sem nenhum desenvolvimento, o que empobrece os conflitos da trama. No humor, é comum personagens serem caricatos, arquetípicos, mas, nesse caso, o roteiro tenta extrair o humor a partir de versões alternativas das mesmas piadas. A zeladora Rosivalda está sempre flertando, Laurizete está sempre brigando com o marido e dona Aline está sempre pedindo ajuda ao porteiro.



A edição consegue piorar um pouquinho as piadas que funcionam, com uma extensão das cenas para além do necessário. O principal problema é que, após algumas situações engraçadas, os atores continuam se olhando, como estivessem esperando o corte. Assim, o que seria uma situação cômica acaba tendo um final um pouco constrangedor, já que ficamos esperando o fim da cena por alguns segundos.

De qualquer forma, o humor no estilo A Praça é Nossa tem potencial de agradar ao público de forma geral, pois as piadas que funcionam são realmente muito boas. Mesmo estranhando a edição e os personagens rasos, portanto, é praticamente impossível ficar indiferente ao filme, que consegue arrancar boas gargalhadas, ainda que seja em momentos bastante pontuais. 



Por Samuel Holanda



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Priscila, linguista de formação, doutoranda em Narratologia. Começou a ler um livro do Sidney Sheldon aos oito anos e nunca mais parou. Hoje, fez das Letras sua profissão.

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