O Conto da Aia - Margareth Atwood


Editora: Rocco
Páginas: 368
Classificação: 
Onde Comprar: https://amzn.to/32zscyT

Sinopse: Escrito em 1985, o romance distópico O conto da aia, da canadense Margaret Atwood, tornou-se um dos livros mais comentados em todo o mundo nos últimos meses, voltando a ocupar posição de destaque nas listas do mais vendidos em diversos países. Além de ter inspirado a série homônima (The Handmaid’s Tale, no original) produzida pelo canal de streaming Hulu, o a ficção futurista de Atwood, ambientada num Estado teocrático e totalitário em que as mulheres são vítimas preferenciais de opressão, tornando-se propriedade do governo, e o fundamentalismo se fortalece como força política, ganhou status de oráculo dos EUA da era Trump. Em meio a todo este burburinho, O conto da aia volta às prateleiras com nova capa, assinada pelo artista Laurindo Feliciano.



O Conto da Aia é o livro que deu origem a série homônima que já ganhou vários prêmios, confesso que demorei um pouco a ler o original, pois a série mexeu muito com minha cabeça. É importante, porém ressaltar que esse livro foi escrito há quase 35 anos e está assustadoramente próximo da nossa realidade atual.

Em O Conto da Aia, vamos conhecer uma história distópica de uma sociedade em que a religiosidade fundamentalista tomou conta, após as mulheres ficarem inférteis. Agora os Estados Unidos da América são Gilead, um país cujo princípio da família tradicional é levado ao extremo. Mulheres férteis são levadas a serem Aias, nada mais que servas sexuais em uma casa de um Comandante do país, onde são estupradas todos os meses em uma Cerimônia para a concepção. Temos mulheres submetidas a todos os tipos de violência, que são anuladas e caladas por um sistema baseado na bíblia. 

Essa não é uma história de amor, não é uma história de romance, pôr-do-sol e com um final feliz. Essa é uma história de uma mulher que foi arrancada de sua vida, de sua casa, de sua filha e é submetida constantemente a torturas psicológicas. É a história de uma mulher que perdeu seu nome e sua identidade e que agora é apenas um receptáculo com um propósito a um sistema patriarcal religioso que consome tudo e todos ao seu redor. Um sistema brutal no qual todas as mulheres foram destituídas de seus objetivos e agora apenas servem em segundo plano. 

"Calma, disse ele. Ainda estava ajoelhado no chão. Você sabe que sempre cuidarei de você.
  E eu pensei, ele já está começando a me tratar como criança." (p.215)

Diferente da série, a Aia que narra o livro não nos diz seu nome, ela conta sua história de maneira não-linear, perdida em suas memórias. Temos uma mulher que parece não saber bem o que aconteceu e como foi parar ali. Tudo ainda parece muito surreal e a sensação que eu tenho é de apatia e desânimo. 

Mais uma diferença que quero afirmar do livro para a série é o clima de desesperança, enquanto June em The Handmaid's Tale tenta a todo momento desde o início achar formas de se sobressair naquele regime e ter seus momentos de rebeldia, em memória da mãe e da amiga Moira, a Aia do livro é extremamente apática, ela simplesmente vai segundo a onda e em alguns momentos acho que ela até mesmo está prestes a se entregar ao regime.

Me parece surreal não comparar algumas coisas que estão acontecendo agora com o que está disposto naquela narrativa, hoje, nesse instante vivemos em um mundo cada vez mais tradicionalista, com uma onda religiosa perigosíssima que pode vir a nos engolir. Mulheres estão perdendo direitos a seus corpos, suas posições estão sendo a todo momento atacadas e tudo começou assim em Gilead. Confesso que isso é uma coisa que me assusta profundamente, pois provavelmente eu seria uma das primeiras a ser mandada para as Colônias ou morta e pendurada no Muro. 

"Nolite te bastardes carborundorum."

Esse mês de novembro teremos o lançamento da aguardada sequência desse fenômeno, confesso que ao final desse livro me subiu um arrepio na espinha e que estou mais do que ansiosa para ler o que Margareth Atwood nos reservou dessa vez. 


 

10 comentários:

  1. Gosto demais do trabalho de Margareth e não vejo a hora de poder conferir este livro, até por todas as diferenças entre livro e série.
    Eu acompanho a série desde a primeira temporada e não perdi um episódio até o momento.
    Confesso que não sabia dessa diferença gritante entre o livro e a série.
    June é uma guerreira daquelas na série e não consegui a visualizar parada, morna em relação a todas as atrocidades que acontecem na obra.
    Lerei!!!
    Beijo

    Rubro Rosa/O Vazio na Flor

    ResponderExcluir
  2. Olá! É realmente chocante que um livro escrito em 1985 esteja mais atual do que nunca, principalmente se nos atentarmos que se trata de uma distopia, que deveria ser, portanto uma ficção, eu ainda não tive a oportunidade de lê-lo, mas não é por falta de indicação e vontade, acredito que a autora tenha uma escrita maravilhosa e que a leitura do livro será incrível.

    ResponderExcluir
  3. Estou com esse livro aqui, confesso que estou entre ler ou não ler, evitando o desconforto.
    É uma leitura densa e desconfortável, né?
    Também evitei a série para poder me surpreender com o livro.
    Dá para sentir que é uma leitura atual, infelizmente; e acaba sendo um grande alerta.
    Preciso encarar esse livro.

    Beijos

    ResponderExcluir
  4. Priscila!
    Em época de empoderamento feminino, esse livro parece ser um choque.
    Mesmo que seja uma distopia, ver tamanhas atrocidades serem empretadas as mulheres e aos menos favorecidos, causa certa repugnância.
    A verdade que mesmo com toda 'conspiração' por traz do regime e todo sofrimento, quero ler.
    cheirinhos
    Rudy

    ResponderExcluir
  5. Olá! ♡ De fato, é impossível nos depararmos com esse livro e não nos questionarmos sobre a realidade que estamos enfrentando. É tão revoltante ver que vivemos em um mundo em que nós mulheres somos constantemente atacadas, vivemos em uma sociedade que mina nossos direitos.
    É assustador saber que o livro foi escrito décadas atrás, mas ainda assim retrata tão bem nossa realidade.
    Ainda não conferi nem o livro, nem a série, mas espero conseguir conferir ambas em breve, pois os questionamentos que elas fazem são extremamente importantes e relevantes, tendo em vista a sociedade em que vivemos.
    Nunca li nada da autora, mas sinto que preciso conhecer sua escrita marcante, cheia de críticas e reflexões extremamente importantes.
    Obrigada pela indicação!
    Beijos! ♡

    ResponderExcluir
  6. Oi, Priscila
    Isso que faz a distopia ser um gênero tão legal, atual e assustador ao mesmo tempo.
    Ainda não li o livro é nem assisti a série é fiquei feliz que mesmo depois de 35 anos vai ter continuação do livro.
    Claro que quero muito poder ler em breve.
    Beijos

    ResponderExcluir
  7. Ler o conto da aia foi como ler um livro de terror é angustiante e assustador quando você percebe é está bem próximo da realidade pra mim foi uma leitura bem difícil, sobre o novo livro estou bem ansiosa para ler.
    Beijos.

    ResponderExcluir
  8. Oiii ❤ Uau, sua resenha me impactou! Não sabia tanto sobre O Conto da Aia e confesso que fiquei chocada ao saber que nessa distopia as mulheres são violentadas e obrigadas a ter ter filhos.
    É realmente assustador que nossa sociedade possa ser comparada com a do livro.
    É muito triste como as pessoas usam a religião como desculpa para cometerem as piores atrocidades.
    Parece cruel ler tudo o que as Aias são obrigadas a passar, que são usadas como se fossem objetos e não pessoas com sentimentos.
    Preciso ler esse livro!
    Beijos ❤

    ResponderExcluir
  9. Oi, Priscila!
    Ainda não li O conto da Aia e também não estou acompanhando a série mais quero muito fazer a leitura desse livro da Margaret Atwood. E não sabia que vai ser lançando a continuação desse livro.
    Bjs

    ResponderExcluir
  10. Oi, Priscila
    Quero muito ler esse livro, mas confesso que tenho até medo, porque quando olho pra nossa sociedade eu vejo que nós, mulheres, estamos cada dia mais perdendo direitos e os homens cada vez mais maus.
    É duro, mas necessário.
    Assim que eu tiver coragem lerei e assistirei a série.
    bjs

    ResponderExcluir

INDICAÇÃO DE FILME

INDICAÇÃO DE FILME
Priscila, linguista de formação, doutoranda em Narratologia. Começou a ler um livro do Sidney Sheldon aos oito anos e nunca mais parou. Hoje, fez das Letras sua profissão.

Colaboradores

Caixa de Busca

Facebook

Instagram

Destaque

CRÍTICA| A Cor Púrpura (2024)

  A Cor Púrpura , musical que acaba de estrear no Brasil,  é uma adaptação  de uma  adaptação  de uma adaptação .  Estranho, mas é isso mesm...


Arquivos

Posts Populares

Receba as novidades!

Tecnologia do Blogger.

Parceiros